SÃO PAULO — O presidente da Ryder Logística para o Brasil, Antônio Wrobleski, concedeu uma entrevista exclusiva ao PanoramaBrasil comentando o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) lançado hoje pela manhã pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília.
Segundo o executivo que comanda uma das principais empresas de logística que atuam no País, crescer é possível, “basta que a vontade política seja imperiosa”. Na entrevista a seguir, Wrobleski comenta que “todos somos responsáveis (pela situação atual), a começar pelo governo dos últimos 12 anos, onde a miopia foi uma constante, terminando com os empresários que não fizeram mais esforços”.
PanoramaBrasil: Hoje, o governo federal anunciou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que prevê a desoneração tributária, almejando o avanço de 10% nos investimentos por parte das empresas, nos próximos 12 meses. É possível transformar essa pretensão em realidade em um País com tamanha falta de infra-estrutura nas rodovias?
Wrobleski: Sim, é possível, basta que a vontade política seja imperiosa.
PanoramaBrasil: O ministro da Fazenda, Guido Mantega, recentemente voltou a falar de o Brasil atingir a meta de 5% de crescimento do PIB, em um período de até cinco anos. Na sua opinião, isso é viável e por quê? Ou isso é mais um balão de ensaio do governo?
Wrobleski: Atingir a meta de 5% de crescimento não é e não pode ser somente vontade política; ela é fruto de um processo de investimentos dirigidos de médio e longo prazos.
PanoramaBrasil: A Ryder Logística vem ganhando espaço no mercado logístico nacional e prevê para o próximo ano ultrapassar o faturamento de US$ 100 milhões no País. No que se baseia essa projeção, sendo que o seu cenário de atuação é um País sem infra-estrutura adequada?
Wrobleski: Nós aprendemos a conviver sem infra-estrutura adequada. O mercado brasileiro é muito grande e pouco explorado. Esta é a grande premissa em que cremos.
PanoramaBrasil: No seu entendimento, quem é o grande responsável por esse atraso?
Wrobleski: Todos somos responsáveis, a começar pelo governo dos últimos 12 anos, onde a miopia foi uma constante, terminando com os empresários que não fizeram mais esforços.
PanoramaBrasil: Muito se fala que sem um sistema logístico eficiente o País parará? Até que ponto isso é verdade e quanto o Brasil desperdiça pela falta de atenção para com esse setor?
Wrobleski: Falar em Parar o Sistema Logístico é muito forte e demandaria dois fatores:
1 – Total falta de investimentos;
2 – Crescimento acima de 6% nos próximos quatro anos.
Ambas as hipóteses acho impensáveis. O Brasil perde muito, não há estatística a respeito, mas com um pouco de prática podemos estimar um pouco de prática, podemos estimar algo ao redor de 10% do PIB Industrial.
PanoramaBrasil: Hoje, a Ryder atua em quantos estados brasileiros? Quais serão os próximos passos da empresa em território nacional?
Wrobleski: A Ryder atua em 6 estados brasileiros. Estamos finalizando um estudo de maior abrangência no mercado, e este deverá nos conduzir ao Nordeste.
PanoramaBrasil: O setor automobilístico é o grande filão da Ryder Brasil, atualmente. Existe expectativa para incremento dele ou a Ryder a cada dia vem buscando diversificar mais sua atuação?
Wrobleski: Sim, existe expectativa de incremento, via novos produtos, que já fazem parte do portfólio da Ryder mundial, além de estarmos buscando penetração em outros mercados, tais como, alta tecnologia e alimentos.
PanoramaBrasil: Ainda na questão automobilística, a Ryder Brasil conseguiu uma atuação respeitável nesse mercado por ser referência no transporte Brasil-Argentina, abastecendo as montadoras vizinhas. Como está esse processo e quais os próximos países a serem atendidos pela Ryder Brasil?
Wrobleski: O processo já ultrapassou a fase solidificação e caminha para a consolidação. Temos outros mercados em análise, por exemplo: Chile e Uruguai.
PanoramaBrasil: Um dos itens que faz a Ryder ser referência nesse segmento é o forte investimento em desenvolvimento de novas tecnologias. O que vem de novo para o mercado nos próximos meses? E como isso ajudará a empresa e a economia nacional?
Wrobleski: Tecnologia é a palavra chave. Hoje ultrapassamos o conceito de segmento de carga e temos o gerenciamento do produto transportado como um grande fator de redução de tempo e custo.
PanoramaBrasil: Para finalizar, o que é possível esperar da economia, logística e transporte para 2007 no Brasil? E o que o senhor acredita que é possível fazer?
Wrobleski: Podemos esperar e trabalhar com os indicadores abaixo:
PIB 2007 – 3,8% crescimento
Juros Selic – 8,5% Real
Câmbio – 2,20 por dólar
Crescimento Setorial – 10%
Fonte: Panorama Brasil - 23 JAN 07