Quinta, 21 Agosto 2025

Os produtos brasileiros têm perdido espaço para os chineses no mercado argentino. O país asiático tem financiado as importações do país vizinho, o que reduz a saída de divisas da Argentina, que passa por uma crise econômica e se encontra numa situação de calote técnico. "O Brasil chegou a ter um superávit de US$ 6 bilhões há três anos. Continuamos a ter superávit, mas é de pouco mais de US$ 2 bilhões. Muito desse espaço perdido está sendo ocupado pelos chineses. Isso se deve às condições oferecidas", afirmou o ex-embaixador Régis Arslanian, que ministrou palestra, nesta terça-feira (26/8), em reunião promovida pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), em Florianópolis.

"Há três anos houve a tentativa de financiamento aos argentinos para que o Brasil pudesse equiparar as condições que a China oferece. Na época o governo chegou à conclusão que não teria condições", afirmou o especialista, lembrando que antes de o presidente da China, Xi Jinping, participar do encontro dos BRICs em julho, no Brasil, esteve na Argentina negociando com a presidente Cristina Kirchner um financiamento bilionário.

O presidente da federação, Glauco José Côrte, destaca que a Argentina necessita de dólares. O pagamento das importações representa a saída de divisas e por isso o sistema de financiamento da China favorece aquele país. "Os exportadores têm que considerar que a crise pode trazer oportunidades. O fato é que não podemos sair desse mercado, mas precisamos estar atentos às garantias. Já exportamos mais. Hoje Santa Catarina tem um déficit comercial, mas a nossa importação é basicamente de matérias-primas. A Argentina ainda é um parceiro importante para o Estado", disse.

O país vizinho é o quinto principal parceiro comercial de Santa Catarina. Os embarques de janeiro a junho somaram US$ 216,6 milhões, valor 19% menor que o registrado no mesmo período no ano passado. Os principais produtos embarcados foram papel cartão, laminados de ferro e aço, motocompressores, motores elétricos e carne suína. No mesmo período, as importações totalizaram US$ 588,8 milhões. Os principais produtos comprados pelo Estado foram polietilenos, polímeros e ligas de alumínio.

"Está na hora de o Brasil mudar de atitude com relação aos vizinhos e ao Mercosul se impondo mais. Falta pragmatismo e firmeza na defesa dos interesses do País. Temos alavancagem para isso. Ser mais firme é ter mais habilidade negociadora", salientou Arslanian.

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