Domingo, 17 Agosto 2025

 

Quando descobriu que tinha câncer, há cerca de oito meses, Normal Bengell sempre teve esperança que ficaria curada. Só desacreditou na vida quando foi internada pela última vez, no sábado (5). Ela morreu, aos 78 anos, na madrugada desta quarta (9), se sentindo sozinha, segundo Luciane Marques, amiga, cuidadora e procuradora da atriz, com quem dividia um apartamento em Copacabana, na Zona Sul do Rio.

“Ela me falava que quando tinha dinheiro, ela tinha amigos. Depois que ela ficou sem dinheiro, os amigos sumiram”, contou Luciene Marques. Segundo a procuradora, apenas o ator Ney Latorraca ligava e procurava notícia de Norma.

Há três anos, a atriz vendeu tudo que tinha para sobreviver. Durante a dificuldade financeira, contou com a ajuda de Miguel Falabella, Daniel Filho e Carlos Manga.

Norma Bengell nasceu no Rio de Janeiro, onde começou a se apresentar como vedete do teatro de revista aos 16 anos. Também foi cantora e gravou versões de "A Lua de Mel na Lua" e "E Se Tens Coração".

O primeiro LP, "OOOOOH! Norma", viria em 1959, no mesmo ano de sua estreia no cinema, na comédia "O Homem de Sputinik", em que interpretava um símbolo sexual, em uma clara analogia com a atriz Brigitte Bardot.

Com o sucesso no cinema, Norma se voltou quase totalmente para a sétima arte. Em 1961, estrelou o filme "O Pagador de Promessas", de Anselmo Duarte, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes.

Primeiro nu frontal no cinema nacional
A atriz entrou para a história ao protagonizar a primeira cena de nu frontal do cinema brasileiro, aos 26 anos. A cena, um avanço para a época, fez parte do filme "Os Cafajestes", de 1962, dirigido por Ruy Guerra.

A exposição internacional -- e a repercussão de "Os Cafajestes" -- a levou a trabalhar no cinema europeu. Segundo a própria atriz, chegou a conhecer e namorar o ator francês Alain Delon. Fez filmes na Argentina ("Sócio de Alcova") e na Itália ("Mafioso", de 1962, e "Os Cruéis", de 1967).

Com o sucesso, engatou quase um filme por ano, participando de produções que marcaram a história do cinema nacional, como "A Casa Assassinada" (1971), de Paulo Cesar Saraceni; "A Idade da Terra" (1980) , de Glauber Rocha e "Rio Babilônia" (1982), de Neville d'Almeida. Em "Noite Vazia" (1964), de Walter Hugo Khouri, interpretou uma prostituta ao lado de Odete Lara e do ator italiano Gabriele Tinti, com quem foi casada de 1963 até 1969.

Por sempre atuar em peças e filmes alvos dos censores da ditadura militar, a atriz alegava ter sido perseguida, o que a obrigou a se exilar na França em 1971. Em 2010, a Comissão de Anistia reconheceu a atriz como anistiada política e concedeu uma reparação econômica de cerca de R$ 100 mil.

Velório
O velório será aberto ao público e realizado a partir das 18h desta quarta, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio. A cremação será no Memorial do Carmo, no Caju, nesta quinta, às 14h.

 

Curta, comente e compartilhe!
Pin It
0
0
0
s2sdefault
powered by social2s

topo oms2

Deixe sua opinião! Comente!