publicado originalmente pelo G1 Santa Catarina
O secretário de Defesa Civil de Santa Catarina voltou atrás e reconheceu que a fumaça proveniente do incêndio em um depósito com carga de fertilizante em São Francisco do Sul, na região Norte de Santa Catarina, é "levemente tóxica" e "moderadamente perigosa". Em comunicado divulgado no início da tarde desta quarta-feira (25), o secretário de Estado da Defesa Civil, Milton Hobus, informou que a fumaça não era tóxica.
Horas depois, em entrevista ao G1, ele explicou que houve um "incêndio químico", embora a causa do incidente ainda seja desconhecida. "O fertilizante entrou em uma reação química e produziu uma fumaça, como um fogo sem chamas", declarou. Conforme Hobus, o laudo da empresa exportadora dos fertilizantes apontou que o produto continha nitrato de amônia, amônia com hidrogênio e um pequeno percentual de potássio. Apesar da entrevista do secretário, o governo divulgou nova nota às 17h13 em que não faz nenhuma menção a toxidade da fumaça.
De acordo com o professor Nito Angelo Debacher, doutor em Química e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o nitrato de amônia ao entrar em contato com o calor gera o gás amônia, que é tóxico. "Se tem amônia no gás, com certeza é tóxico. A fumaça estava muito densa. Eu não recomendaria ninguém a respirar aquilo", disse ele, em entrevista ao G1 no começo da tarde, contrariando a afirmação anterior do governo.
Pelo menos 115 pessoas foram atendidas com sintomas de intoxicação no Hospital Nossa Senhora das Graças, em São Francisco do Sul, nenhuma em estado grave. Até as 15h40, quatro estavam em observação. Consultado pelo G1, o otorrinolaringologista Gladson Porto Barreto, esclareceu que a fumaça causa irritação na mucosa. "Se for inalada em quantidade, a fumaça causa queimaduras e irritação. A intoxicação pode causar insuficiência respiratória", explicou o médico.
O incêndio começou por volta das 23h de terça-feira (24) em um depósito de fertilizantes, no Bairro Paulas, às margens da BR-280. O local e bairros circunvizinhos (Iperoba, Reta, Rocio Pequeno e Sandra Regina) precisaram ser evacuados por causa da fumaça que se espalhou rapidamente. As famílias das localidades atingidas pela fumaça foram levadas para dois abrigos: no Colégio Estadual Santa Catarina e na sede do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS).