O BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) acaba de criar uma linha de crédito para beneficiar o setor de franquias. O recurso pode ser utilizado tanto para ampliar a rede –com a abertura de novas lojas– como para a reforma ou a modernização das unidades já existentes e da fábrica.
As franqueadoras de menor porte interessadas em solicitar financiamento no valor de até R$ 10 milhões devem procurar um banco credenciado pelo BNDES –a instituição não possui loja física– para fazer o pedido. Todos os grandes bancos são credenciados.
Acima desse valor, a empresa deve enviar uma carta-consulta ao BNDES solicitando o recurso. No site da instituição há um modelo disponível para download.
Os franqueados, no entanto, terão acesso ao recurso oferecido pela nova linha somente se a sua matriz fizer a solicitação.
Segundo a chefe do departamento de bens de consumo do BNDES, Ana Costa, a vantagem desse novo modelo é que o franqueador oferece mais segurança ao banco e, por isso, consegue negociar taxas e prazos mais atrativos.
"Os pedidos de empréstimos são analisados caso a caso pelo BNDES. Não há uma taxa ou prazo padrão. Eles podem variar de acordo com a franquia e com o valor solicitado", diz.
O banco não revela, no entanto, qual o valor disponível para oferecer ao setor.
A rede O Boticário foi a primeira a contratar a linha. A marca conseguiu a liberação de R$ 306,1 milhões. Desse total, R$ 284,3 milhões serão direcionados para a ampliação do parque fabril e da distribuição e para a criação de lojas próprias.
Outros R$ 21,8 milhões serão oferecidos para as unidades já existentes que desejam modernizar ou reformar o espaço ou investir em estoque.
A expectativa do BNDES é que o recurso contribua para a abertura de 148 novas unidades da marca em todo o país.
Tanto O Boticário como o BNDES não revelaram as taxas e o prazo que serão aplicados na operação. Atualmente, a rede possui 3.550 lojas, entre unidades próprias e franqueadas. Em 2012, faturou R$ 6,9 bilhões.
As franquias vão decidir como utilizar o recurso, inclusive, determinar o valor que será disponibilizado para cada loja e o prazo para a quitação do empréstimo. A taxa, no entanto, será a mesma aplicada pelo BNDES, ou seja, não poderá haver nenhum acréscimo do que é cobrado pelo banco.
Além do O Boticário, outras redes também solicitaram o empréstimo, segundo Costa. "Estamos acompanhando o trabalho do O Boticário para avaliar quanto liberar para outras redes e as necessidades do setor", afirma.
Pequenas empresas também podem pedir dinheiro para o BNDES
As MPEs (micros, pequenas e médias empresas) também podem solicitar financiamentos diretamente ao BNDES. Com o cartão BNDES, por exemplo, o empresário tem um limite de R$ 1 milhão para aquisição de produtos em fornecedores credenciados pela instituição (veja a lista dos fornecedores).
O pagamento pode ser feito em até 48 vezes, com juros de 0,86% ao mês (taxa vigente em abril). Para ter acesso ao crédito, o empreendedor deve procurar um banco credenciado pelo BNDES para solicitar um financiamento. Todos os grandes bancos são credenciados.
Segundo o consultor de negócios da ABF (Associação Brasileira de Franchising), Walter Batista, por se enquadrarem na categoria de micro e pequena empresa, as unidades franqueadas também podem solicitar outras linhas de financiamento do BNDES diretamente.
Esse crédito é concedido para cobrir custos de abertura, ampliação ou modernização de uma unidade.
Para pedir um empréstimo ao BNDES, o franqueado deve apresentar os seguintes documentos ao banco: contrato social, CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica), cópia da COF (Circular de Oferta de Franquia) –documento com os dados de investimento e faturamento da loja– e cópias do contrato com a franqueadora e do plano de negócio.
Todos esses documentos também são exigidos para o empreendedor que deseja pedir o recurso para adquirir uma unidade de franquia. Ele precisa, primeiro, manifestar a intenção de ser um franqueado e dar entrada na papelada, mesmo sem assinar o contrato, para comprovar ao BNDEs que a franqueadora aprovou o seu ingresso na rede.
Batista lembra, no entanto, que qualquer obra que um franqueado resolva fazer na unidade –como a pintura de uma parede ou a troca de um balcão– precisa ser aprovada pela matriz. A medida é uma precaução da rede para que nenhuma loja fuja ao padrão visual da marca.
Financiamento deve ser planejado
De acordo com o consultor de finanças do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas) Luis Lobrigatti, antes de pedir um empréstimo, o empresário deve avaliar se é possível fazer o investimento com capital próprio, mesmo que leve mais tempo. "Investir com recursos próprios custa menos", diz.
Caso o investimento seja realmente necessário naquele momento, os custos e a capacidade de pagamento devem ser considerados e apresentados ao banco.
Para o consultor, o pagamento do empréstimo deve ser planejado a partir das vendas atuais da empresa.
"Pode ser que o empresário projete um aumento nas vendas que não ocorra. Se ele planejou pagar com esse dinheiro, pode acabar se enrolando na dívida", declara.
Fonte: Economia UOL
