Domingo, 21 Setembro 2025

A Vale do Rio Doce, a segunda maior empresa do Brasil, atrás apenas da Petrobras, vem acumulando resultados negativos neste ano. Na bolsa, a companhia registra queda de quase 20% em suas ações em 2013. Os motivos são variados, desde a falta de definição sobre o novo marco regulatório para o setor de mineração, às recentes perdas em investimentos estrangeiros, à desaceleração econômica da China e à oscilação do preço do minério de ferro no mercado internacional, segundo avaliaram especialistas.

Para este ano, as perspectivas, especialmente no mercado de valores, são de crescimento. Isto porque os investidores estão acolhendo com otimismo a gerência do presidente Murilo Ferreira, além de o próprio valor das ações da companhia estarem em patamar mais baixo do que a média histórica. Fontes da bolsa também alegam que atualmente há menos ingerência do governo nas decisões estratégicas da Vale, o que é positivo sob o ponto de vista dos acionistas.

No pregão desta quinta-feira, os papéis ordinários da Vale tiveram queda de 2,46%, cotadas a R$ 34,14. No ano, os ativos acumulam perda de 19,25%. Situação semelhante ocorre com as ações preferenciais, que caíram 1,52%, cotadas a R$ 32,40, e que têm prejuízo de 20,72% em 2013.

China mantida
Mesmo com a desaceleração dos crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) chinês, que é o maior importador de minério de ferro do mundo, a expectativa é que isso não afete o mercado minerador. "A despeito da crise internacional, a demanda pelo minério de ferro continua alta. A China anunciou um plano de expansão de seu parque siderúrgico. Provavelmente o preço do minério será alto por causa da manutenção da demanda", avaliou o pesquisador de economia aplicada Maurício Canedo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Apesar disso, não é apenas no mercado internacional que a situação para a Vale se complica. Internamente, a indecisão sobre a regulação para o setor, que está tramitando há anos, impede que as empresas obtenham novas licenças. Com isso, ficam atravancadas novas iniciativas.

"O novo marco regulatório já esta há anos rolando. (A falta de definição) travou todas as licenças. Diversas empresas com investimento pesado em minas no Brasil não podem operar por causa das licenças. Isso está atravancado muito o setor", afirmou. "Acho que deve ser votado ainda nesse primeiro semestre", apostou o diretor da Ativa Corretora, Ricardo Correa.

Novo projeto
Nesta quinta-feira (11), em reportagem ao jornal Valor Econômico, o presidente da companhia, Murilo Ferreira, disse que espera receber ainda neste mês a licença de instalação do projeto S11D, de minério de ferro, em Carajás, conhecida como Serra do Sul. Para 2014, a empresa já projeta uma produção de 40 milhões toneladas adicionais, quantidade que pode subir para 90 milhões de toneladas quando a unidade operar em capacidade máxima, em 2017.

Segundo o diretor da Ativa Corretora, o custo de produção na Serra do Sul é de US$ 15 por tonelada, sendo que a expectativa do teor de ferro no local é de 66%, frente à média de 50% de outras unidades da Vale. "Para ela, é muito bom porque perdeu mercado para as empresas australianas (Rio Tinto e BHP Billiton), que, juntas, passaram a Vale em quantidade de minério de ferro exportado. A empresa está tentando retomar (o mercado) e seu custo de produção é bem menor", explicou Correa.

No planejamento da Vale, a expectativa é pular das atuais 300 milhões de toneladas de minério de ferro produzidas em 2012 para 402 milhões em 2017.

Incerteza espanta estrangeiros
No mercado financeiro, o analista aponta a incerteza dos investidores estrangeiros com a  política e com a economia do Brasil como um dos fatores que fizeram o capital fugir. Ele destaca que as questões internas são preponderantes para a queda de quase 20% registrada nos ativos da mineradora. "A companhia em si vem sofrendo muito com questões de cunho político e regulatório", disse.

Ele citou o caso do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), ocorrido nesta quarta-feira (10), que decidiu que é inconstitucional a tributação de lucros de empresas brasileiras coligadas no exterior”. Com a medida, a Vale poderia ser obrigada a quitar um passivo superior a US$ 30 bilhões à Receita Federal.  Para o analista, no entanto, o governo já sinalizou que, mesmo que a companhia tenha de pagar, a soma deve ser amortizada. "A companhia não deve perder a disputa judicial. Caso seja obrigada a pagar, o governo deve facilitar o pagamento", acredita. 

Os investidores também acabaram repercutindo a saída do crescimento chinês de um patamar de dois dígitos desde 2006 para o último resultado, de 7,8%. "O mercado automaticamente associa à importação de minério. Acredito que a demanda continuará forte", projetou Correa.

A corretora manteve a Vale em carteira de longo prazo para este ano. A justificativa está na geração de caixa estável, apesar de ciclos econômicos desfavoráveis, como a desaceleração da economia chinesa. "Além disso, ela paga bons dividendos aos acionistas. A previsão deste ano é de US$ 4 bilhões e as ações estão bem descontadas, bem abaixo da média histórica e dos seus pares australianos", afirmou Correa.

Fonte: Jornal do Brasil

Curta, comente e compartilhe!
Pin It
0
0
0
s2sdefault
powered by social2s

topo oms2

Deixe sua opinião! Comente!