A jornalista Carla Vilhena, da TV Globo, foi substituída como apresentadora do Bom Dia São Paulo e do bloco paulista do Bom Dia Brasil na última semana. Ela só soube pela imprensa que seria substituída nos telejornais.
O jornalista Marco Aurelio Mello, ex-colega de trabalho de Carla Vilhena e fundador do blog DoLadoDeLa, publicou texto em que se solidariza com a apresentadora. Leia abaixo.
Minha Solidariedade à Carla Vilhena
A nova direção de jornalismo da TV Globo parece que não gostar muito de investir nas relações humanas. Nem mesmo o departamento de RH, que deveria gerenciar “as emoções” consegue saber com antecedência o que está acontecendo, para tomar medidas paliativas necessárias numa grande corporação.
O choro copioso da querida Carla Vilhena, apresentadora do Bom Dia São Paulo e do bloco local do Bom Dia Brasil, impedida de se despedir de seus telespectadores na última sexta-feira, dá bem a dimensão da falta de tato dos gestores.
Depois de saber PELA IMPRENSA que seria substituída na bancada pelo correspondente em Nova Iorque, Rodrigo Bocardi, Carla, com a delicadeza que lhe é peculiar, escreveu uma mensagem de despedida, mas a direção proibiu-a de lê-la.
Abalada, Carla não conseguiu terminar sua participação e foi substituída pela uma moça do tempo. Saiu do ar amparada por funcionários da Globo.
Trazer Rodrigo de volta para o Brasil com assento em uma bancada é um movimento importante. O repórter, que teve carreira meteórica na emissora durante o mensalão, faz com desenvoltura o jogo da casa. Quem não se lembra da moedinha na pista do aeroporto de Congonhas, para incriminar Lula pelo acidente da TAM, em julho de 2007?
Rodrigo é um bom sujeito. Trabalhamos juntos no Jornal da Globo, com Ana Paula Padrão. Ele tinha vindo da Band, onde começou como coordenador de telejornal, uma função burocrática. Teve a felicidade de fazer jornalismo na Faculdade do Morumbi, onde a elite paulistana se encontra. Fez amizade com os Saad, circula em altas rodas e conhece detalhadamente a cartilha neolibelês.
Sonhava em ser editor de economia e pediu para que eu o apadrinhasse nesse sentido. Como acumulava – para que testassem minha capacidade – as funções de editor de política e economia do telejornal, cujo noticiário era majoritariamente composto por esses dois temas, concorde,i e indiquei seu nome ao então editor-chefe, Luiz Claudio Latgé.
Competente, logo Rodrigo caiu nas graças de toda a equipe, mas alimentava em silêncio o sonho de ser repórter, o que no caso dele não era difícil, porque tem boa estampa, boa voz e é muito bem relacionado. Será muito bem teleguiado na nova função.
Depois de dois anos na bancada, Carla volta à reportagem. Passa a engrossar o coro do Fantástico. Como apresentadora, a bela morena de olhos azuis encantou o país no Jornal da Band, no fim dos anos 90. Beleza, postura e voz eram tão marcantes, que foi convidada pela Globo para ser apresentadora do Novo SPTV, em 1998.
Como na emissora a fila é grande, Carla ficou para lá e para cá, até que conseguisse sua própria bancada num jornal de rede. Apresentou os SPTV, os Bom Dias, o Jornal Hoje, o Fantástico e até o Jornal Nacional, nas folgas dos apresentadores titulares. É o tipo de profissional de quem não se ouve críticas, só elogios.
Torço para que ela supere a dor de ser cortada sumariamente, como já aconteceu com tantos outros. Carla, o mundo não só aí. Um beijo no seu coração.