Segunda, 20 Janeiro 2025

Fonte: Valor Econômico

Por Stanley Pignal, Gerrit Wiesmann e Hugh Carnegy | Financial Times

Paul White/AP / Paul White/APMinistro da Economia da Espanha, Luis Guindos: mensageiro de más notícias

O anúncio de que o desemprego na Espanha aumentou pelo quinto mês consecutivo, justo quando a taxa de desemprego na Alemanha cai para mais um nível recorde de baixa após a reunificação do país, enfatiza os caminhos econômicos divergentes dos países que estão no "coração" da zona do euro, daqueles que se encontram em sua periferia geográfica e metafórica.

A maioria das nações desse núcleo, sobretudo no norte da Europa e num grupo em torno da Alemanha, está com taxas de desemprego abaixo da média de 10,3% da zona do euro - reflexo de suas economias no geral saudáveis.

Por outro lado, países que receberam socorros financeiros ou estão sob pressão por causa de suas dívidas estão com taxas de desemprego na ponta mais alta dos dois dígitos, com exceção da Itália.

Os quatro países com as menores taxas de desemprego da zona do euro - Áustria, Luxemburgo, Holanda e Alemanha - estão entre as seis economias do bloco com avaliação de risco "AAA", e com que o bloco conta para financiar planos de socorro. Em parte, a nota de crédito desses países reflete o fato de que suas economias estão saudáveis, com pressões relativamente baixas sobre as finanças públicas pelos pagamentos de benefícios aos desempregados. Mas o mais importante é que as reformas trabalhistas feitas bem antes da crise ajudaram a tornar os trabalhadores competitivos globalmente - um fator dolorosamente ausente na periferia da zona do euro.

"Há uma tendência em que os países que conseguiram reformar seus mercados de trabalho estão conseguindo agora superar a crise de uma maneira muito melhor", diz Maxime Cerutti, diretor de assuntos sociais da BusinessEurope, um grupo patronal de Bruxelas.

Qualquer ligação entre a qualidade de crédito e o baixo desemprego não é necessariamente causal, alerta Ronald Janssen, economista da European Trade Union Confederation, uma organização guarda-chuva sindicalista. "Há outras explicações mais válidas. Países como a Alemanha, Holanda e Finlândia sempre tiveram setores exportadores fortes, que se beneficiaram a rápida recuperação das economias emergentes após a crise de 2009. Este não é o caso em outras partes da zona do euro".

Ele também aponta para medidas voltadas para o mercado de trabalho, especialmente na Alemanha, onde os subsídios aos empregadores que colocaram seus trabalhadores em excesso em agendas de meio período, em vez de demiti-los, ajudaram esses países a conter o desemprego.

Além disso, a queda no desemprego alemão poderá se mostrar passageira, segundo economistas. Apesar do desaquecimento mundial, a maior economia da Europa ainda está saindo de um acúmulo de encomendas formado nos meses mais animadores de 2011. "As empresas ainda estão sentadas sobre uma pilha enorme de encomendas", diz Andreas Rees, economista do UniCredit em Munique.

A queda maior que a esperada no desemprego em dezembro é atribuída ao clima ameno do começo do inverno europeu, que permitiu ao setor da construção continuar trabalhando. A tendência positiva para o mercado de trabalho poderá continuar nos próximos meses, uma vez que as empresas ainda estão dispostas a contratar mais funcionários. "Mas devemos nos preparar para a deterioração do mercado de trabalho a partir do segundo trimestre", diz Eckart Tuchfeld, do Commerzbank. Para ele, a tendência "de PIB ligeiramente negativo" no inverno vai afetar o mercado de trabalho.

Medidas para diminuir as filas de desempregados ganham força na França (país com avaliação "AAA"), onde um grande aumento no desemprego, para perto de 10%, poucos meses antes das eleições presidenciais, levou o governo de centro-direita do presidente Nicolas Sarkozy a adotar várias medidas, que deverão culminar em uma "reunião" com empresários e sindicatos com o objetivo de promover empregos e crescimento.

Sarkozy propõe medidas ao estilo alemão para facilitar dispensas temporárias e turnos de trabalho mais curtos, e dar espaço para empregadores fazerem acordos para horas de trabalho flexíveis e redução de salários e evitar demissões.

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