O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai virar sócio da Magnesita e assim ajudar a empresa a liquidar uma dívida com o banco americano JP Morgan. O débito, de US$ 175 milhões (R$ 324 milhões pelo câmbio de sexta-feira), será pago com dinheiro obtido num aumento de capital organizado pela GP Investimentos, que controla a Magnesita. A GP é uma das maiores administradoras de recursos do Brasil.
Terceira maior fabricante mundial de refratários, material usado, por exemplo, nos fornos de usinas siderúrgicas, a Magnesita possui uma dívida de cerca de R$ 2 bilhões - a maioria com bancos. Na última sexta-feira, a empresa enviou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um fato relevante informando que seu conselho de administração aprovara um aumento de capital no valor de R$ 350 milhões.
De acordo com o documento, o BNDESPar, empresa de participações do banco estatal, vai entrar na operação com pelo menos R$ 55,9 milhões - mas sua participação pode chegar a R$ 240 milhões. É que o banco estatal e os controladores da Magnesita - principalmente a GP - assinaram um contrato pelo qual "a BNDESPar garantirá a subscrição e integralização da totalidade do aumento de capital que não seja subscrito e integralizado pelos demais acionistas da companhia".
Como o compromisso dos controladores é entrar com R$ 104,8 milhões - só colocam mais do que isso se quiserem - a diferença para fechar o aumento de capital de R$ 35 milhões pode ficar por conta do BNDES.
O fato relevante diz ainda que a Magnesita concordou em alocar os recursos do aumento de capital, no montante equivalente a US$ 175 milhões, "para amortização parcial e imediata de sua dívida junto ao JPMorgan". Ou seja, quase toda receita levantada no aumento de capital será usada para quitar uma dívida bancária.
A Magnesita informou, ainda, ter concluído a renegociação de suas dívidas junto com Bradesco, ItaúBBA e JPMorgan. A empresa deve cerca de R$ 1,3 bilhões a bancos.
A GP comprou a Magnesita em 2007, da família Pentagna Guimarães, por R$ 1,2 bi. O projeto era transformá-la na maior do mundo no setor. Para tanto, a Magnesita comprou uma grande rival, a alemã LWB, por 650 milhões, quase R$ 1,7 bi pelo câmbio de sexta. A compra transformou a Magnesita na terceira maior do mundo.
Fornecedora de refratários para siderúrgicas do Brasil e do exterior, a Magnesita entrou em dificuldades com a crise econômica mundial e o projeto da GP de transformá-la na número 1 do setor ficou pesado demais. A recessão derrubou as vendas da indústria siderúrgica e isso afetou a Magnesita.
Endividada por conta das aquisições e e enfrentando queda na geração de caixa, a empresa precisou demitir funcionários e passou a ter dificuldades para comprar matéria-prima. No mês passado, alguns fornecedores exigiam pagamento à vista da empresa. A chegada do BNDES, a partir do aumento de capital, que ainda não tem data definida, dará uma segunda chance à GP.
Fonte: O Estado de S.Paulo