Sexta, 31 Janeiro 2025

A maior empresa de celulose de fibra curta do mundo já está com sua estrutura desenhada. Depois de mais de um mês de negociações entre os irmãos Safra e a Votorantim Industrial, foi fechado acordo para constituir uma nova empresa, que unirá a Aracruz e a Votorantim Celulose e Papel (VCP), na qual os dois grupos dividirão o controle votante. A notícia chegou para confirmar o interesse dos Safra em manter participação - e não minoritária - em um investimento que sempre foi visto "como muito interessante e vantajoso", conforme afirmou ao DCI fontes próximas ao Grupo Safra.

A mudança de cenário de papel e celulose no Brasil, setor que tem chamado a atenção pelos inúmeros investimentos e pelo destaque alcançado no mercado externo, se iniciou quando a VCP fez proposta à Arapar, holding da família Lorentzen. para compra de 28% das ações ordinárias da Aracruz, maior produtora brasileira de celulose.

No entanto, para que a negociação pudesse ser fechada, a Arainvest, empresa de investimentos dos Safra, teve que se pronunciar sobre sua opção de exercer ou não o direito de preferência ou de venda conjunta de suas ações, nos termos do acordo de acionistas de Aracruz vigente entre Arainvest e Arapar. Há cerca de duas décadas, a Aracruz é regida por um acordo entre as famílias Safra e Lorentzen, ao qual a VCP aderiu quando entrou na companhia. Antes mesmo do prazo estabelecido chegar ao fim , os irmãos José e Moisés Safra decidiram continuar no negócio junto com a Votorantim.

Ambos já detinham 28% das ações da Aracruz. Para não ficar com a participação minoritária da nova empresa, a Arainvest pagará cerca de R$ 530 milhões à Votorantim. Com isso, apesar das duas empresas dividirem o controle votante, a Votorantim Industrial terá 57,23% do capital total, e a Arainvest, 42,77%.

"Tal acordo já era esperado pelo mercado", afirma o analista da Geração Futuro, Felipe Volcato Ruppenthal.

Nos bastidores, as discussões também giravam em torno da decisão dos Safra. "A Aracruz nunca foi um investimento dos Safra como outros, para vender quando as ações estivessem em alta", afirmou uma fonte ao DCI. Com a definição, o negócio torna-se ainda mais atraente. A sinergia da nova holding chegará a R$ 4,5 bilhões, o que se unirá ao fato do Brasil ser altamente competitivo , graças a inúmeras vantagens do mercado. A maior delas é o baixo custo de produção local. As condições climáticas favorecem a plantação de eucalipto e tornam as florestas muito mais produtivas. No País, o ciclo de corte da floresta é de sete anos, ante mais de 20 no exterior. "Com essas vantagens a nova empresa vai se sobressair no mercado internacional", afirma Felipe Ruppenthal.

Suzano

Outra interessada no negócio era a Suzano Papel e Celulose, atualmente a segunda maior produtora de celulose no Brasil ( a VCP está hoje em 3º) e primeira no País em faturamento. Com o acordo acertado, a Suzano perde a oportunidade de possuir maior internacionalização. A Suzano afirmou que analisou a possibilidade de participar da operação da Aracruz, mas que decidiu "seguir com a implantação das novas unidades industriais divulgadas, com um aumento de sua produção para 7,2 milhões de toneladas", afirmou por meio de nota.

No entanto, essa pode ser considerada a segunda grande perda da empresa nos últimos dois anos no mercado. Em 2007, o Grupo vendeu à Petrobras, a Suzano Petroquímica, e realizou a sua despedida do setor.

Fonte: DCI - 16 SET 08

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