Sexta, 31 Janeiro 2025

São Paulo - A desaceleração nas decisões de investir é mais representativa  nas empresas indústriais, cujos desembolsos são vultosos. Segundo pesquisa da  Serasa, a fatia das indústrias que vão ampliar os seus investimentos caiu de  57%, em 2007, para 47%, neste ano.  A pesquisa foi feita em junho, por meio de entrevistas a 1.010 executivos de  empresa da indústria, comércio, serviços e instituições financeiras. Desse total,  636 têm investimentos em curso neste ano, cuja ampliação já é afetada pela alta  dos juros. A Vitopel, maior fabricante de embalagens plásticas flexíveis da América Latina,  por exemplo, adiou a decisão sobre novos investimentos.

Segundo o seu presidente,  José Ricardo Roriz Coelho, os projetos vão permanecer engavetados até o horizonte  ficar mais claro em relação à dimensão e intensidade das medidas adotadas pelo  governo para segurar a inflação. “O aumento nas taxas de juros é sinal para os empresários segurarem as pontas  porque o avião vai sacudir”, argumenta. A empresa investe atualmente US$ 55 milhões na compra de um equipamento alemão  que pode ampliar em 20% a sua capacidade de produção, que hoje é de 150 mil  toneladas de filmes flexíveis por ano. “A idéia era aumentar a produção, mas  vamos desligar máquinas antigas até o mercado melhorar”, conta o executivo.  Além das incertezas no mercado interno, a Vitopel sofre os efeitos do câmbio  desfavorável e da crise internacional, que deverão provocar queda de 33% nas  suas exportações , das 35 mil toneladas de 2007 para 20 mil toneladas. A Dimas de Melo Pimenta Sistemas de Ponto e Acesso - Dimep, líder de vendas  de relógios e controles de acessos no País, reduziu os investimentos previstos  para o ano, de 5% para 2% do faturamento, cujo montante a empresa não divulga.  “Os projetos não foram cancelados, e sim suspensos temporariamente”, afirma  Dimas de Melo Pimenta III, vice-presidente da empresa.”Vamos esperar para ver  a reação do governo frente as pressões inflacionárias”. Já na Indústria Brasileira de Televisores (IBT), dona da marca Cineral, a preocupação  é com a dificuldade de repassar para o varejo o aumento de custos ocorridos  com a elevação dos preços de matérias-primas e insumos.

Segundo Abdo Antonio  Hadade, presidente da IBT, os preços precisam ser reajustados em 15%, o que  tornaria viável o investimento de R$ 15 milhões previsto para 2009. “Como os  lojistas não aceitam negociar aumentos, já estamos reavaliando os projetos”.  Este ano, a IBT vai desembolsar R$ 10 milhões , mesmo montante investido em  2007, que serão aplicados na compra de máquinas e equipamentos para aumento  da capacidade de sua fábrica na Zona Franca de Manaus.

Varejo otimista

Os empresários do comércio são os mais otimistas em relação  aos investimentos para 2008. Segundo a Serasa, 59% das empresas do setor pretendem  investir este ano mais do que em 2007. Na pesquisa realizada há um ano, esse  número era menor, de 56%.  Tanto na indústria quanto nos serviços e instituições financeiras, caiu o número  de empresas que esperam ampliar os investimentos .  A Dicico, redes varejista de materiais de construção, pretende investir R$ 100  milhões neste ano, ante R$ 60 milhões em 2007. Desde janeiro, a empresa já inaugurou  um centro de distribuição e dez novas lojas. “Hoje estamos com 40 lojas e vamos  terminar o ano com 50”, diz o seu presidente, Dimitrius Markakos. 

Apostando no crescimento do consumo da Classe C, a Dicico optou investe na abertura  de lojas em bairros da capital paulista e em cidades do interior do Estado pouco  explorados pela concorrência.  “Estamos ocupando o espaço antes que outros ocupem”, diz o empresário.

Fonte: Tribuna do Norte - 28 JUL 08

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