Relegada à periferia da agricultura brasileira, a mandioca virou vedete de produtores de soja. No Paraná, alguns se renderam à raiz e esperam lucrar até mais do que com a oleaginosa. Há dois anos, a tonelada valia em torno de R$ 73, preço que neste mês está em R$ 162, mesmo em plena colheita. Assim, a expectativa é de que, aos preços de hoje, a renda líquida da mandioca seja em torno de 44% da receita bruta, percentual que, para a soja, está avaliado em algo próximo de 25% no Paraná.
"Os preços da raiz estão mais firmes e a cultura, menos suscetível a mudanças climáticas", diz Fábio Barros, que há 28 anos cultiva soja, milho e trigo numa área arrendada em Amaporã, noroeste do Paraná. A terra nessa região é mais arenosa, serve para pecuária, cana-de-açúcar e para a pouco exigente mandioca. Há oito anos, a cultura também é a aposta do sojicultor Armando Ortenzi Neto. Por conta dos preços firmes, neste ano ele vai dobrar a área de mandioca para 400 hectares, a mesma que dedica ao cultivo de soja.
A melhora do cenário para a raiz vem sendo motivada pelo aumento das cotações do milho. A correlação está no amido, produto usado nas indústrias de alimentação e papel e que pode ser feito das duas matérias-primas. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam), a produção de amido deve atingir 600 mil toneladas neste ano, ante 550 mil de 2007.
Fonte: Gazeta Mercantil - 22 JUL 08