A Votorantim Metais (VM) anunciou ontem o fortalecimento de seu negócio de níquel, o que deve fazer a empresa se tornar a sexta maior produtora do metal até 2010, segundo o diretor-superintendente da empresa, João Bosco Silva. A VM encontrou fornecedor para ampliar a produção de níquel na unidade de Fortaleza de Minas, que tem capacidade para produzir 20 mil toneladas, mas atualmente produz apenas 6 mil toneladas por ano.
Aliado ao projeto de construção de uma unidade de ferro-níquel em Niquelândia (GO), hoje em andamento, a Votorantim deverá produzir 53 mil toneladas de níquel em 2010. Atualmente a empresa produz cerca de 27 mil toneladas de níquel, entre as operações já existentes em Goiás, Minas Gerais e São Paulo e ocupa a 10 colocação.
A companhia fechou um acordo, no valor de US$ 1 bilhão, para a compra de 50% da produção de concentrado de níquel da empresa australiana Mirabela Nickel no Brasil. A VM antecipará o pagamento de US$ 50 milhões, recursos que devem colaborar no investimento que a mineradora está realizando para começar a operar a mina Santa Rita, localizada na cidade de Itagibá (BA).
A mina deverá produzir 150 mil toneladas de minério com teor de 13% de níquel e começará a operar no segundo trimestre de 2009. Inicialmente serão ofertados 18,5 mil toneladas de sulfeto de níquel. Em meados de 2010 a empresa deverá atingir a capacidade de 25 mil toneladas. Com essa taxa de produção a mina deverá permanecer em atividade por 14 anos.
De acordo com Silva, a negociação durou cerca de um ano e meio e a Votorantim Metais chegou a propor a compra da totalidade da produção, mas o contrato só foi fechado depois que a empresa brasileira venceu uma licitação internacional com pelo menos mais quatro concorrentes. A estratégia da mineradora é destinar os outros 50% da produção ao mercado externo. "É o que está previsto em nosso planejamento", disse o gerente geral da Mirabela Mineração do Brasil, Paulo Oliva. De acordo com o executivo, o volume restante será destinado a compradores da Finlândia, China e Canadá.
"O mercado para concentrados de sulfato de níquel permanece forte e mantemos negociações avançadas a respeito dos 50% restantes", disse o diretor gerente da Mirabela, Nick Poll, em comunicado. "O acordo com a Votorantim satisfaz nossas expectativas sobre pagamentos líquidos para o níquel e vários créditos, enquanto o fornecimento no portão da mina é conveniente para a Mirabela e reduz nossos requisitos de capital de giro", informou o executivo no mesmo documento. Silva disse que a VM ainda não decidiu como será a operação logística para a entrega no minério na unidade da companhia, mas adiantou que provavelmente será por caminhão.
A unidade de Fortaleza de Minas, que receberá o minério da Mirabela, foi adquirida em 2004 pela Votorantim Metais, pertencia à Rio Tinto, que se desinteressou pela operação quando a mina localizada ali parecia se exaurir. "A Rio Tinto previa mais um ano e meio de produção na época, mas encontramos mais minério e agora estimamos que produzirá até 2011", disse Silva. A partir daí possivelmente a companhia dependerá da produção da Mirabela. O contrato vai até 2014, mas Silva destacou que é renovável por mais cinco anos e o prazo pode ser estendido.
Investimento em pesquisa
Para não criar forte dependência de fornecedor externo, a Votorantim Metais tem investido em pesquisa mineral. Somente este ano a companhia aplicará US$ 85 milhões na área, dos quais cerca de 40% é destinado aos 27 projetos que a companhia possui em níquel. Além disso, adquiriu projetos de pesquisa mineral no Pará da mineradora estatal chilena Codelco e venceu uma licitação para explorar uma área na Bahia.
O processo mais avançado, porém, é em Montes Claros de Goiás, onde atualmente a empresa está realizado estudos de viabilidade ambiental. O desenho inicial prevê uma mina com produção de 25 mil toneladas de níquel, aliada a uma fábrica para produzir ferro-níquel. O projeto deve ser votado pelo conselho de administração da companhia até o final do ano.
Em 2007, a Votorantim Metais faturou R$ 6,6 bilhões, dos quais as operações de níquel responderam por 33%, ou R$ 2,2 bilhões. Somente o incremento de produção em Fortaleza de Minas gerará receita adicional de R$ 300 milhões. A VM responde por 42,6% da produção nacional de níquel, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
Fonte: Gazeta Mercantil - 10 JUL 08