Para minimizar as perdas com a desaceleração do mercado norte-americano e obter ganhos com o aquecimento da economia brasileira, vários franqueadores de países como Estados Unidos miram o mercado nacional como um dos principais em planos de expansão entre países emergentes. A idéia é explorar regiões com maior poder aquisitivo, de olho no rastro da alta renda. Assim, redes como Mail Boxes Etc., EDS, Coldstone e Right At Home, buscam parceiros brasileiros interessados em desenvolver máster franquias ou parcerias regionais. No ramo de alimentação fora de casa surgem para explorar o potencial brasileiro bandeiras como as hamburguerias Carl’’s Jr. e Wendy’’s, além da La Salsa (de comida mexicana) e a Cold Stone (rede de sorveterias).
Na área de prestação de serviços, há focos diversos, como a Handyman, de manutenção e reparos, a Crestcom, de treinamentos para empresas, além da Right At Home, de cuidados em casa e acompanhamento a pessoas idosas. Com exceção da Handyman, que exige investimento em furgão e ferramentas, as outras duas têm em comum o baixo custo de investimento, pois não necessitam de unidade física para começar a operar. A Crestcom procura parceiros com US$ 75 mil para investir dentro de um acordo de 12 anos, e com US$ 500 mil para interessados em desenvolver áreas.
"Um dos mercados em que a Handyman mais cresce é a China, pois é um mercado que começa a exigir mais qualificação na prestação de serviços", diz William Edwards, executivo-chefe da consultoria norte-americana EGS, especializada em internacionalização de franquias, responsável por redes como La Salsa, Mr. Handyman, Planet Beach, do ramo de estética, e Signs Now, de sinalização comercial. Esta última mira oportunidades na expansão do varejo e, obviamente, do próprio mercado de franquias.
Expansão
Há dois anos no Brasil, a Mail Boxes Etc. também está de olho na expansão das suas operações. A rede mira na expansão das pequenas e médias empresas no País e planeja ampliar seu alcance por meio de parceiros regionais, seguindo o modelo que adotou no México. A expectativa é chegar a 300 lojas em dez anos e ter de 25 a 30 lojas até o fim de 2009.
A franquia começou em 1980, nos Estados Unidos e conta com quase 6 mil lojas no mundo. "Estamos entre as 15 maiores franquias em nível mundial, somos a número 11 no mundo, segundo o ranking de 2008 da Enterpreuner 2008 (publicação norte-americana especializada em empreendedorismo). Temos mais de 80% do mercado no que fazemos no Estados Unidos", garante Kevin May, presidente da Mail Boxes Etc e sócio da empresa para a América Latina, além de presidente da BME Brasil. Nos EUA, as principais concorrentes são Packmail e Postnet. Só a Postnet está no Brasil, mas tem poucas lojas.
O maior mercado da rede são os EUA, onde há mais de 4 mil lojas. Outros grandes mercados são Itália, Canadá e Alemanha. No México, a empresa começou a operar em 2003 e atualmente abre 10 a 15 lojas por ano lá e soma 40 lojas abertas. A expansão por franquias começou em 1993, na Colômbia. Em 2003, a rede comprou os direitos para o México e em 2005 os direitos para entrar no Brasil e no Paraguai.
Em 2006, montaram uma loja piloto na Vila Olímpia, em São Paulo. Atualmente são 9 franquias outorgadas no Brasil, com 4 operações em funcionamento: três paulistas (capital, Barueri e Campinas) e uma em São Luis (MA). A franquia tem parceiro para desenvolver quatro áreas no estado de São Paulo e outro para quatro estados do Nordeste.
"Nosso foco é, em até 24 meses, conseguir representantes de área para todo o País. No Estado de São Paulo, temos quatro regiões. No Sul, teremos uma área por estado. O número de regiões vai depender da concentração do comércio da região. Já temos 16 áreas no Brasil e cada área pode dar apoio a 25, 30 lojas" No primeiro semestre deste ano, a rede fechou contrato com outro multifranqueado em São Paulo, que comprou licenças para abrir 4 lojas. Uma delas será na região da Berrini, zona sul de São Paulo. "As licenças já estão pagas, mas ele abrirá uma unidade por ano", diz.
"A vantagem de ter um representante de área é que temos todo o know-how, fazemos o treinamento e capacitação. Mas um representante de área será mais adequado para dar apoio aos franqueados da sua região. Ele tem de operar uma unidade piloto, que é o modelo para atrair outros franqueados. Ele participa de um treinamento teórico, depois ele volta para uma unidade piloto do representante de área. Ele também ajuda na inauguração da loja do franqueado."
O investimento para o ponto é de R$ 250 a 300 mil por unidade, o que inclui operação por dez anos e capital de giro. Outra alternativa é ser representante de área: abrir lojas e trabalhar com a marca para desenvolver a rede. A licença custa R$ 350 mil, em média. O representante tem participação de 40% nas taxas de franquia, que é R$ 62 mil e tem 2% dos royalties, que totalizam 6%, sendo 1% vai para a Mail Box Etc EUA; 2%, para os representantes de área e 3% para a Mail Box Etc Brasil.
Fonte: DCI - 26 JUN 08