A Estrada Nacional Número 14 tornou-se um pesadelo para os caminhoneiros brasileiros que por ali trafegam. Essa estrada, mais conhecida como a Rodovia do Mercosul - por onde passa a maior parte das mercadorias entre o Brasil e a Argentina - é o cenário do principal piquete de agricultores que desde a semana passada protestam contra o governo da presidente Cristina Kirchner.
Estava previsto que os bloqueios dos produtores terminariam na quinta-feira, junto com o fim da paralisação das atividades. Mas tudo indica que, diante do impasse entre o governo e os ruralistas, o locaute do setor e os piquetes continuarão por tempo indefinido.
Os produtores agropecuários, que realizam mais de 300 piquetes em estradas em todo o país, estão impedindo o tráfego de caminhões com cereais para exportação. No entanto, os impedimentos para os caminhoneiros estrangeiros são mais amplos, já que os piquetes obstaculizam a passagem de seus veículos.
Na segunda-feira à noite, dezenas de caminhoneiros brasileiros foram vítimas dos bloqueios nas proximidades da cidade de Gualeguaychú, por onde passa a Rodovia do Mercosul. Segundo a imprensa local, os brasileiros, irados, decidiram retaliar e realizar um contra-piquete, ou seja, bloquear a estrada por conta própria.
"Se nós não passamos, ninguém passa", teriam dito os motoristas brasileiros. No entanto, a polícia convenceu os caminhoneiros a deixar o piquete de lado. Simultaneamente, as forças de segurança levaram os agricultores a deixar passar os caminhões brasileiros. Dessa forma, os motoristas puderam continuar sua viagem.
Segundo o jornal La Nación, entre os caminhoneiros prejudicados pelos piquetes argentinos estavam os brasileiros Paulo Sanches Martins, Ricardo Andrade, José Wilson e Maximiliano Pereira. O pivô do conflito são os aumentos que o governo aplicou no início de março sobre os impostos para as exportações de produtos agrícolas. Além disso, os agricultores exigem o fim dos impostos móveis sobre as exportações. Eles também exigem o fim das restrições para as exportações de carne e trigo.
Fonte: Jornal do Comércio - 14 ABR 08