Sábado, 01 Fevereiro 2025
A crise no mercado financeiro internacional já causa impactos negativos na captação de recursos por empresas brasileiras via ofertas de ações. Até a última sexta-feira, as distribuições de ações registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 2008 somavam movimentação de R$ 7,915 bilhões. De janeiro a abril do ano passado, esse volume totalizava R$ 19,489 bilhões.

O efeito é sentido ainda mais em companhias estreantes na Bolsa, que realizam suas ofertas públicas inicias de ações (IPOs) neste momento de turbulência externa. Na sexta-feira, a Le Lis Blanc teve o preço unitário de suas ações fixado em R$ 6,75 no âmbito de seu IPO. No primeiro prospecto preliminar da operação, a companhia estimava um intervalo de R$ 10,50 a R$ 12,50 por papel. Após adiar por dois dias a fixação do valor de suas ações, a empresa enviou comunicado ao mercado para informá-lo da mudança do intervalo projetado para entre R$ 7,50 e R$ 8,50. O IPO anterior ao da Le Lis Blanc, realizado pela Hypermarcas, também sinalizou um enfraquecimento do apetite do mercado por novas ações. No prospecto preliminar da oferta, estava previsto um preço por ação que ia de R$ 20,50 a R$ 24,50. O valor do papel, porém, ficou em R$ 17,00.

Para Fausto Gouveia, analista de mercado da Win Corretora, a crise externa não deve acabar tão cedo e a retomada do aquecimento nos IPOs pode ficar para o último trimestre deste ano. "Quem mais investe em IPO de empresas brasileiras são os estrangeiros", diz o analista. Já o professor de Finanças do Ibmec São Paulo, Ricardo Almeida, acredita que os IPOs devem continuar, mas com "uma certa cautela". "É tudo decisão estratégica. Se a empresa vai abrir o capital é porque precisa do dinheiro para algum tipo de investimento. Elas sabem que não vão conseguir captar o que esperam, mas precisam da verba", diz. Ele lembra, porém, que no momento a melhor opção para levantar recursos é a emissão de debêntures.

Em meio às incertezas, os investidores estão cada vez mais seletivos. "O investidor quer empresas conhecidas e de confiança, porque sabe que as ações terão uma boa liquidez", diz Gouveia. A Anhanguera Educacional e a Copasa, por exemplo, conseguiram em suas ofertas de ações um valor próximo ao que vinha sendo negociado na Bovespa. A ação da Anhanguera saiu a R$ 26 na oferta (a cotação do papel da empresa no dia da fixação do valor fechou em R$ 26,30 na Bovespa) e a da Copasa foi fixada em R$ 24,50 (a ação fechou em R$ 25,35 na Bolsa no dia da fixação do preço no âmbito da oferta).

Para Clodoir Vieira, analista de Mercado da Souza Barros Corretora, a cautela do investidor é normal: "O investidor vai ler o prospecto preliminar detalhadamente, para saber em que a empresa vai investir e se as previsões de crescimento da companhia condizem com o momento atual".

Demanda certa
O preço por ação na oferta secundária da Gerdau ficou em R$ 60,30 e da Metalúrgica Gerdau, em R$ 78,35 - o que, segundo analistas, é considerado satisfatório. "O setor metalúrgico está em evidência. O mercado chinês está comprando da Gerdau, o que faz com que ela se torne uma empresa confiável para o investidor", diz Almeida. Para ele, companhias de setores como imobiliário, automotivo e de agronegócios também passam por um bom momento. "Com o aumento da renda familiar, as vendas aumentaram, e conseqüentemente a produção tende a crescer", comenta. Por outro lado, Almeida indica que a alta da taxa de juros deve exercer impacto negativo sobre a concessão de crédito e as compras a prazo, o que reduz a expansão do setor de varejo.

As ações e possíveis ofertas de empresas que atuam nessa área, então, devem ser prejudicadas.

Fonte: DCI - 28 ABR 08
Curta, comente e compartilhe!
Pin It
0
0
0
s2sdefault
powered by social2s

topo oms2

Deixe sua opinião! Comente!