A Petrobras está abrindo licitação para comprar os equipamentos críticos – assim chamados por terem fornecimento de longo prazo – para o funcionamento da Refinaria Abreu e Lima, prevista para iniciar a operação em agosto de 2010. O primeiro lote de compras responde por US$ 1 bilhão, o equivalente a um quarto de tudo o que vai ser investido na planta de refino.
“São equipamentos com prazo de entrega mais longo. Já estão todos em processo de licitação. Alguns em consultas, outros em andamento”, revelou o gerente de suporte a implantação da refinaria, João Batista Aquino. A primeira máquina encomendada é uma unidade de hidrotratamento de nafta, que serve para retirar enxofre e estabilizar a nafta. “Aproveitamos a compra de um equipamento igual para outra unidade de refino e fizemos um aditivo no contrato”, diz Aquino. Além disso, estão sendo comprados turbogeradores, bombas de alta pressão, permutadores de calor de alta pressão, fornos e reatores. Os mais complexos serão comprados diretamente pela Petrobras, enquanto outros ficarão a cargo de empresas que serão contratadas para a construção da refinaria.
Em média, a Petrobras calcula que 15% de uma refinaria tem que ser comprada fora do Brasil. Entretanto, com o aquecimento da demanda do setor de petróleo e gás, esse volume deve aumentar. “A Petrobras está com muitas obras e a indústria nacional está meio engargalada. Talvez para essa refinaria aumente o percentual de importados, porque a indústria nacional pode não dar conta”, acredita o gerente da estatal. “Equipamentos como turbogerador, reator de hidrotratamento de diesel e alguns compressores de grande porte com altíssima pressão serão mesmo comprados fora. São equipamentos muito especiais e que contam com poucos fornecedores no mundo”, diz João Batista Aquino.
A Petrobras já iniciou o processo de carta-convite para a seleção da empresa que fará a casa de força da unidade. “Vai servir para toda a refinaria, com a geração de energia elétrica, vapor e ar-condicionado”, afirmou. E, dentro de duas semanas, terá início a licitação da unidade de destilação. Esta unidade tem a torre como peça chave, responsável pelo fracionamento do petróleo. “A destilação você faz toda na torre. Mas como o nosso petróleo é pesado, boa parte dele vai sair no fundo da destilação como resíduo. Este resíduo será enviado para a unidade de coque para depois ser transformado em diesel e nafta. Em seguida, os produtos serão enviados para as unidades de hidrotratamento para remover o enxofre e estabilizá-los”, informa.
Para construir a Refinaria Abreu e Lima, a Petrobras licitará a construção por unidade. Dessa forma, a construção será dividida em alguns contratos. Uma empresa fará a unidade de destilação, outra a de hidrotratamento e outra a de coque, por exemplo.
A Refinaria Abreu e Lima terá capacidade para processar 200 mil barris por dia e produzirá 70% de diesel, derivado que o País mais importa. Pelo cronograma da unidade, em 2010 ela inicia apenas com a unidade de destilação, ainda abaixo da capacidade projetada e limitada a operar com petróleo leve.
“Deve entrar com uma unidade de 100 mil barris por dia, sem operar a toda carga e com óleo leve. Aí, na virada para 2011, entrará completa, com as unidades de coque e hidrotratamento”, anuncia.
Fonte: Jornal do Commercio - 15 ABR 08