Sábado, 01 Fevereiro 2025
Altos executivos da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) passaram boa parte do dia, ontem, trancados em uma das salas de reunião do prédio da empresa, na Avenida Barbacena, em Belo Horizonte, para amarrar os últimos detalhes da negociação do consórcio que a estatal mineira tenta fechar para poder participar do leilão da Centrais Elétricas de São Paulo (Cesp). "Vamos segurar o suspense até amanhã (hoje)", mandou avisar o diretor de Negócios e Finanças da Cemig, Luiz Fernando Rolla.

Os parceiros que a Cemig pretende divulgar deverão estar, segundo Rolla, entre os qualificados a participar do leilão da Cesp, cujos nomes serão confirmados hoje. Espera-se que os cinco interessados que entregaram os documentos para análise sejam considerados qualificados: o grupo franco-belga Tractebel/Suez Energy, a hispano-brasileira Neonergia, a distribuidora paulista CPFL Energia e o grupo Energias de Portugal, por meio de sua subsidiária Energias do Brasil, e a norte-americana Alcoa.

A belga Tractebel, controlada pelo grupo francês Suez, anima-se com a idéia de incluir a Cesp em seus negócios. "Aumentaremos nossa capacidade instalada de 6,1GW [gigawatts] para cerca de 14 GW", disse ontem o presidente da empresa, Manoel Zaroni Torres. Ele lembrou que a aquisição aumentaria a participação da empresa na matriz energética do país de 6% pra 14%, o que a deixaria atrás apenas da estatal Eletrobrás, que detém 34% de participação.

Mesmo assim, Torrres ponderou que a companhia ainda está em fase final de análise dos ativos e estratégias para o leilão da Cesp, marcado para 26 de março. "Estamos buscando informações mais detalhadas; o que eu posso adiantar é que a Cesp cai perfeitamente no modelo da Tractebel e a aquisição viria ao encontro do grande desejo da companhia, de aumentar a participação no mercado brasileiro", disse Zaroni.

Ele reafirmou que o aporte necessário para assumir a Cesp, em torno de 6,6 bilhões, é alto diante das incertezas quanto à prorrogação do prazo de concessão das usinas geradoras - apesar de a União sinalizar para a renovação da concessão da usina hidroelétrica Porto Primavera, que terá a concessão encerrada no fim deste ano, as renovações das usinas de Ilha Solteira e de Jupiá ainda estão indefinidas, terceira maior no ranking de produção, que vencem em 2015. "O preço mínimo para aquisição da Cesp está muito alto, diante das indefinições em relação às usinas de Jupiá e Ilha Solteira, essas respondem por cerca de 60% da geração da companhia estatal. Além disso, até 2012 não teremos grandes elevações nos preços de energia", ressaltou Zaroni.

A falta de detalhes quanto à prorrogação dessas concessões foi um dos motivos para a desistência das estatais Companhia Paranaense de Energia (Copel) e Furnas, subsidiária do grupo Elerobrás. Além disso, há queixa generalizada sobre falta de informações sobre o passivo da empresa.

Um exemplo disso é a informação de que o aporte necessário para se adquirir a Cesp seria, no mínimo, R$ 180 milhões maior do que os R$ 6,6 bilhões anunciados, por conta de obras indispensáveis nas usinas hidroelétricas de Jupiá e Ilha Solteira.
Zaroni lembrou de mais obstáculos financeiros para se chegar a uma definição quanto à Cesp. Lembrou que, além da renovação das concessões das usinas, há o problema do preço da energia elétrica, para o qual não está previsto reajuste para este ano. "Se isso se mantiver, é complicado."

A Tractebel não nega a possibilidade de formação de um consórcio para participar do leilão. "Apesar do curto espaço de tempo disponível, estamos estudando todas as possibilidades para o leilão", completou Zaroni.

Aquisições e resultados
Segundo Zaroni, a Tractebel vê nas aquisições uma estratégia de crescimento. Em 2007, a empresa adquiriu, através de sua controlada Delta Energética, a totalidade do capital da Seival Participações, que detém o direito para implementar e explorar uma usina termelétrica a carvão no Estado do Rio Grande do Sul, com capacidade instalada de até 540 MW. Também no ano passado, o grupo comprou a Companhia Energética São Salvador (CESS,) titular da concessão do aproveitamento hidrelétrico São Salvador e a Ponte de Pedra Energética, possuidora da concessão da hidroelétrica Ponte de Pedra, com capacidade instalada de 176 MW.

Capacidade
Apesar de possuir uma capacidade instalada menor do que a da Cesp, a receita líquida da Tractebel atingiu R$ 3,04 bilhões no ano passado contra R$ 2,18 bilhões da estatal. Já o lucro líquido somou R$ 1,04 bilhão em 2007, um crescimento de 6,8% em relação a 2006. O Ebitda da companhia chegou a R$ 1,85 bilhão no ano, uma alta de 16,4% ante 2006.

A Tractebel prevê investir R$ 1,3 bilhão este ano, sendo R$ 592 milhões na usina Ponte de Pedra, no rio Corrente, em Mato Grosso - o aporte supera a previsão de investimento para 2009 e 2010, que é de R$ 562 e R$ 331, respectivamente. No ano passado o aporte da empresa no país alcançou R$ 718 milhões.
Segundo a empresa, cerca de 70% dos investimentos serão financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Fonte: DCI - 14 MAR 08
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