Impulsionada pelo crescimento em clientes especializados nos segmentos voltados ao transporte automotivo, industriais e agrícolas, que cresceram em média 25,7% nos negócios da América Latina Logística (ALL) no ano passado, a empresa comemora a evolução de 10% no volume transportado, com avanço no lucro líquido de R$ 216 milhões, contra o prejuízo pró-forma de R$ 134 milhões em 2006.
Para 2008, a empresa, que afirma ter hoje 70% de sua capacidade já contrata, projeta um novo avanço no volume de serviços entre 12% e 14%, com a entrada da operação de mais vagões e locomotivas. Com um impulso provocado nos últimos meses pela integração com as operações da Brasil Ferrovias, que foi adquirida em 2006, a ALL garante ser líder do setor ferroviário, com a malha do Brasil, envolvendo cerca de mil locomotivas sobre os trilhos e mais de mil veículos que rodam nas estradas, segundo Bernardo Hess, diretor presidente da ALL.
O executivo explica que os investimentos no ano passado ficaram na casa dos R$ 650 milhões, totalizando, ao longo dos últimos 10 anos, R$ 2,4 bilhões em aportes. "A projeção é de que esse número ultrapasse a casa dos R$ 3 bilhões em 2008", calcula. Hess conta que a empresa pretende consolidar, ainda no primeiro semestre, a recuperação de 50 locomotivas e a reforma de 1,2 mil vagões que eram da BR Ferrovias. A meta é somar as unidades à capacidade de operações e incrementar os negócios em 2008, que terá ainda parcerias com clientes que formam as encomendas de 250 vagões-tanque.
Operações
O ano passado ficou marcado para a ALL como o marco da integração entre as operações da empresa e da antiga BR Ferrovias. "A conclusão da integração representou expressivas melhorias na malha, com o aumento da produtividade e a redução de acidentes", explica Bernardo Hess.
Além da ampliação no volume de cargas transportadas, o executivo explica que houve uma redução de 5,3% na tarifa média de movimentação, em decorrência da maior presença de carga de retorno, neste caso, com ênfase aos fertilizantes, trigo e a maior movimentação na entressafra.
Outro fator que otimizou os custos foi a diminuição em 30% do tempo de transporte entre o Mato Grosso e Santos, agora em 70 horas, e a redução do gasto de diesel em 3,8%.
Impulso
Segundo o diretor presidente da ALL, entre os setores que mais avançaram no último ano está a unidade industrial onde o volume carregado aumentou 13,4%, com avanço de 15% nos fluxos intermodais. "Nos volumes intermodais, os florestais cresceram 29,4% e os containers, 17,4%", calcula, ao incluir na lista de incremento os combustíveis, de transporte exclusivamente ferroviário, mas que aumentaram em 17,2%.
O diretor presidente comenta que a área agrícola cresceu 11,6%, com destaque para alguns segmentos. "Houve aumento de 360% no transporte de milho, além de incremento nas cargas de retorno, como fertilizantes e trigo", aponta.
Já no modal rodoviário, o foco da ALL nas operações dedicadas, que incluem armazenagem, transferência e distribuição urbana, permitiu crescimento de 52,1% no resultado operacional com novas atividades no segmento automotivo do Mercosul. Além disso, em 2007, entraram novos contratos com General Motors, Renault e Volkswagen.
A ALL também fechou um acordo comercial com a Votorantim Celulose e Papel (VCP) para o transporte de 1,2 milhão de toneladas de celulose por ano, de Três Lagoas (MS) a Santos (SP), a partir de 2009. A atuação da empresa nos portos aumentou, com 51% no final do ano passado, contra os 48% de 2006, com destaque ao Porto de Santos, na casa do 39%, sete mais do que no ano anterior.
Rondonópolis
No caso da ligação entre as cidades mato-grossenses Alto Araguaia e Rondonópolis, extensão da Ferrovia Vicente Vuolo (Ferronorte), da qual a ALL mantém a concessão de exploração, a previsão é de que o projeto saia logo. Para a obra, seriam necessários alguns investimentos em torno de R$ 700 milhões, e, conforme diz o principal executivo da empresa, "esperamos ter novidades ainda no primeiro semestre".
Para o diretor, o trecho da ferrovia em questão tem forte vocação ao transporte de grãos e combustíveis. A ALL, que garante ser a maior operadora logística com base ferroviária da América Latina, transporta para clientes de variados segmentos como commodities agrícolas, insumos e fertilizantes, combustíveis, construção civil, florestal, siderúrgico, higiene e limpeza, eletroeletrônicos, automotivo e autopeças, embalagens, químico, petroquímico e bebidas. No portfólio de clientes estão Cargill, Bunge, AmBev, Unilever, Scania, Petrobras e Gerdau, com negócios que englobam mais de 75% do produto interno bruto (PIB) do Mercosul.
Fonte: DCI - 29 FEV 08