Há uma guerra surda entre pecuaristas e frigoríficos pelos preços do boi. De acordo com analistas de mercado, chega a haver até três tipos de cotações em praças diferentes, por conta da exigência da rastreabilidade para exportar para alguns mercados. O gado rastreado chega a valer R$ 2,00 ou R$ 3,00 a mais por arroba.
Se o Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov) fosse reformulado e se tornasse um instrumento de padronização, desde que menos burocrático e mais acessível ao produtor, talvez fosse um facilitador para reduzir os pontos de conflito nas
"Talvez harmonizasse um pouco as negociações pelo fato de o gado, rastreado ou não, ser um fator a menos para discussão", comenta Maria Gabriela Tonini, consultora da Scot Consultoria. "No entanto, seria só um fator a menos. A relação entre os pecuaristas e os frigoríficos está mudando. Muitos frigoríficos bonificam produtores que lhes ofereçam produtos com as características que procuram", complementa.
Na opinião de José Vicente Ferraz, diretor do Instituto FNP, eliminar um dos tipos de cotação existente no mercado não tornaria mais leve a queda-de-braço no setor. "A cadeia produtiva bovina é diferente da de frangos e suínos, em que há integração entre as indústrias e os produtores. O arranjo produtivo é diferente", comenta o analista. "Para reduzir atritos, e falo em aspectos que não o preço, está faltando coordenação no sentido de discutir padronização do produto para atender mercados externos, por exemplo", diz.
Polêmica
O nível de exigências em torno de certificação de origem deve aumentar no mercado internacional. "É uma tendência", comenta Antônio Jorge Camardelli, diretor da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
"Gostaríamos que o Sisbov fosse como o governo propôs no início. A Abiec defende a rastreabilidade simples, com custos acessíveis, pensando na facilidade de uniformizar o produto. A ferramenta de certificação de origem é certeza de necessidade no futuro no mercado internacional."
O Sisbov é um sistema de controle de trânsito e, portanto, reforça padronização e qualidade. Quando proposto pelo governo pela primeira vez, era obrigatório. Atualmente, somente os pecuaristas que pretendem vender a frigoríficos exportadores são obrigados a seguir suas normas.
"O Sisbov como está é inviável. Há muita gente que não consegue atender a todas as normas, principalmente as impostas pela União Européia. Uma delas é só poder comprar animais rastreados. No entanto, na minha região, eu não consigo encontrar", comenta Alberto Pessina, pecuarista do interior de São Paulo.
"Se reformulado, acho que seria interessante. No meu caso, como tenho outros