Depois das expectativas geradas na semana passada com o anúncio do governo federal de que o imposto do trigo seria reduzido a zero, os panificadores potiguares foram pegos de surpresa. Ao contrário do que se esperava, a saca de 50kg da farinha de trigo subiu de R$ 76 para R$ 86 nesta semana. O acréscimo de 13,16% pôs por água abaixo as esperanças de que a isenção do imposto sobre o trigo poderia reduzir o preço do pão ao consumidor. Em reunião ontem com os filiados, o presidente do Sindicato dos Panificadores (Sindipan), José Américo Ferreira, apelou para que os empresários segurassem por mais algum tempo o valor do pão.
Além do aumento do preço da farinha, a margarina - outro produto utilizado na fabricação do pão - também sofreu aumento, ficando 33,72% mais cara. A lata de 30kg do produto que custava no início de fevereiro R$ 86 passou para R$ 115. Atualmente, o preço do pão varia de R$ 4 a R$ 7 o quilo. O valor é considerado pelo Sindipan justo para o consumidor, embora o sindicato considere que está ficando inviável para as padarias manterem o preço.
Caso os moinhos não reduzam a saca de trigo, José Américo calcula que o pão pode subir entre 12% e 14%. Isso significa que o atual preço aumentaria entre R$ 0,48 e R$ 0,84. De acordo com o Sindipan, três fatores influenciam no preço do pão: mão-de-obra, energia elétrica e matéria-prima. A participação de cada um é variável de uma empresa para outra, mas a matéria-prima corresponde a cerca de 30% do valor final cobrado.
A redução do imposto do trigo foi anunciada na quarta-feira da semana passada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), no Diário Oficial da União. A publicação trouxe a nova Lista de Exceção brasileira à Tarifa Externa Comum (TEC). A mudança vale até 30 de junho deste ano para uma cota de 1 milhão de toneladas o produto. A proposta dos moinhos - de 4 milhões de toneladas - não foi aceita pelo governo federal. ‘‘Tudo bem que eles (moinhos) não receberam tudo que pleiteavam, mas receberam alguma coisa. Ficamos perplexos com o aumento porque foi muito acima daquilo que vinha ocorrendo. Estamos apelando para que o preço seja reduzido, mas as padarias não poderão segurar o preço por muito tempo’’.
José Américo entrou em contato com sindicatos de panificadores no Sudeste e descobriu também que naquela região a saca de trigo não subiu de preço. Além disso, a saca custa R$ 60, devido a subsídios do ICMS oferecidos na área.
Atualmente, cinco moinhos atendem a região Nordeste: Bungue, M.Dias Branco, Predilecta, Cearense e Modrisa. No Rio Grande do Norte, há cerca de 1,2 mil padarias, sendo 400 só em Natal. A assessoria de imprensa do M.Dias Branco - moinho localizado no RN - informou que o aumento da saca do trigo era uma atitude esperada já que a tonelada do produto passou de 190 dólares, no início do ano, para 360 dólares. Além disso, a mudança no imposto não trouxe grandes mudanças porque este é um período de entressafra do produto importado. A assessoria também lembra que a diferença de preço entre o Nordeste e Sudeste se deve a falta de incentivos fiscais na região. Segundo informou, o ICMS médio nos estados nordestinos influi em 34% do valor cobrado.
Fonte: Diário de Natal - 14 FEV 08
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