Domingo, 02 Fevereiro 2025

Após amargar quedas consecutivas ao longo do ano, 2007 fechou com um saldo de estabilidade para o setor calçadista brasileiro. Os dados finais obtidos ontem pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), através da Secretaria de Comércio Exterior, indicam que as exportações geraram recursos na ordem de US$ 1, 91 bilhão, acréscimo de 2,6% sobre o ano anterior, que havia sido de US$ 1,86 bilhão. Em 2007 houve um reajuste médio de 4,5% por par embarcado, que ficou em US$ 10,80.

O volume de pares, entretanto, caiu 1,9% e os embarques fecharam em 177 milhões de pares contra os 180,4 milhões de 2006. A entidade não comemora os números, pois tanto o volume quanto o faturamento poderiam ser muito superiores, caso a defasagem cambial e a carga tributária não tivessem persistido.

"Teríamos crescido tranqüilamente de 20% a 30% caso tivéssemos condições favoráveis para exportar. Não podemos comemorar uma estagnação, pois ficamos nos mesmos níveis do ano passado", avalia o presidente da Abicalçados, Milton Cardoso.

Os Estados Unidos foram novamente os principais importadores do calçado brasileiro, apesar da queda registrada mês a mês. As compras fecharam em 49 milhões de pares, 25% inferiores em relação a 2006. O faturamento caiu em 16%, para US$ 717,4 milhões. Países como Reino Unido, Argentina e Itália elevaram, respectivamente, em 7%, 21% e 33% o volume importado, demonstrando que mercados mais exigentes estão buscando no Brasil alternativas de suprimento, segundo a Abicalçados.

Em 2007, as importações cresceram 54%, para 28,6 milhões de pares, ou US$ 209 milhões. Para este ano, a projeção da entidade é de estagnação de produção em relação ao desempenho do ano passado, com produção em torno de 800 milhões de pares.


Cardoso ressalta que a estabilidade reflete o grande esforço que os industriais estão fazendo na redução das suas margens de lucratividade, evitando o fechamento de empresas e o conseqüente desemprego. Mesmo assim, ele lembra que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve uma queda do emprego em mais de 9% ao longo do ano passado. "Isto significa uma perda de 30 mil postos de trabalho".

Um dos exemplos de superação é a Calçados Bibi, de Parobé, que ampliou em 54,8% o faturamento em dólar com as exportações em 2007, na comparação a 2006. Apesar dessa alta, o esforço não foi suficiente para superar os valores em reais do ano anterior, em função da desvalorização da moeda norte-americana. No ano passado, a Bibi comercializou mais de 3 milhões de calçados, o que totalizou um faturamento acima dos R$ 100 milhões. Deste total, 30% vieram das exportações, que chegando a mais de 1 milhão de pares comercializados para mais de 65 países nos cinco continentes.

Para crescer em 2008, a Bibi aposta nos lançamentos, como o Bibi Eco, um calçado que, de acordo com a empresa, é 100% ecológico e que está sendo apresentado na Couromoda, que ocorre até o dia 17 de janeiro, em São Paulo. A marca também desenvolveu novos modelos do Skatenis, Big Jump e Roller, que ganham design diferenciado.

Couromoda
Até quinta-feira, as atenções da cadeia e do couro estão voltadas para a Couromoda, uma das maiores feiras calçadistas do mundo. A Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para Couros e Calçados (Abrameq) desenvolve duas ações no evento: os projetos Abrameq Tecnologia e Comprador.

Em parceria com o Sebrae, a Abrameq reúne em um estande as empresas Erps, Himaco, Klein, Marcarini, Master, Mecsul, Metal, Morbach, Poppi, Seroton e Sulpol e promove a terceira etapa do Projeto Abrameq Tecnologia, que difunde a tecnologia brasileira para os setores de couros e calçados. Com o apoio da Apex-Brasil, a Abrameq traz ainda 12 compradores internacionais, sendo sete colombianos, país que se destaca como cliente de máquinas e equipamentos.

Alexandre Zambelli, diretor comercial da Máquinas Seroton, informa que expõe pela primeira vez em um estande coletivo na Couromoda. Mesmo não sendo uma feira voltada para compradores de máquinas, o diretor avalia que a participação na Couromoda é um excelente instrumento de divulgação da sua marca por reunir as principais indústrias nacionais de calçados.

Zambelli afirma que realizou bons contatos através das rodadas de negócios com os compradores internacionais trazidos em parceria com a Apex-Brasil, e, diante da movimentação que tem assistido na feira, acredita que as expectativas para 2008 são bastante positivas.

O peruano Alfredo Alvarado Bolige está pela primeira vez no Brasil. Em seus primeiros dias na Couromoda ficou impressionado com a qualidade, diversidade e complementaridade da indústria nacional. Sua empresa, a Calçados Her´s, fabrica sapatos esportivos masculinos, num volume de 600 pares diários. Ele participa do projeto Comprador com o objetivo de conhecer a oferta nacional de máquinas para costura e injeção em EVA.

Sua estrutura fabril é formada por máquinas italianas, nas suas palavras, já obsoletas e pretende fazer uma renovação destas por máquinas brasileiras, por reconhecer a tecnologia e a maior disponibilidade dos fabricantes brasileiros na orientação técnica e manutenção dos equipamentos.

241 negócios
O estande do Rio Grande do Sul na Couromoda 2008, em São Paulo, fechou 241 negócios e iniciou outros 381 negócios no primeiro dia da feira, segunda-feira. As 39 empresas gaúchas do setor, que integram o espaço, registraram 1.076 contatos com compradores e 279 com distribuidores. Para atingir novos mercados foram contratados 51 distribuidores, que vão atuar em outros países como Venezuela, México, Uruguai e Paraguai. Os dados fazem parte do balanço divulgado pelo estande gaúcho na feira.

A Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais o Sebrae/RS e a ACI de Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha investem na área coletiva com 756 metros quadrados, que abriga as empresas na Couromoda, que ocorre até o dia 17 de janeiro, no Parque Anhembi.

Desde de 2000, a Sedai apóia a presença de empresas do Rio Grande do Sul nas edições da Couromoda, através do Programa de Apoio à Participação em Feiras. De acordo com o secretário do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais, Josué Barbosa, "a cada ano se percebe o crescimento na qualidade e quantidade dos produtos e empresas participantes da feira". A Couromoda, maior feira setorial da América Latina, espera receber cerca de 70 mil visitantes.

Fonte: Jornal do Comércio - 16 JAN 08

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