A Expresso Mercúrio, adquirida há um ano pelo grupo holandês TNT Express, pretende comprar mais 100 caminhões este ano para atender o esperado crescimento da demanda pelo transporte rodoviário de cargas em função do bom momento da economia brasileira. "Em 2008 o mercado vai crescer acima de dois dígitos. Vai ser um ano melhor ou pelo menos igual a 2007", acredita o presidente da TNT/Mercúrio, Roberto Rodrigues, estimando que o mercado de entregas expressas tenha crescido cerca de 15% em 2007.
Em 2007 foram comprados 97 caminhões e 88 vans para coleta e entrega de mercadorias e, com a aquisição deste ano, a Mercúrio vai chegar a aproximadamente 1,5 mil veículos próprios, entre caminhões e vans. A empresa utiliza ainda cerca de dois mil terceirizados, dependendo da época do ano.
Ano passado a Mercúrio também construiu um terminal de cargas em Joinville (SC) e este ano pretende erguer novos no Rio de Janeiro, em Fortaleza e no Recife. Rodrigues, entretanto, prefere não revelar o valor do investimento a ser feito em 2008. "Mas vai ser superior a 5% do nosso faturamento líquido", avisa.
Segundo Rodrigues, o primeiro ano à frente da Mercúrio teve como foco o aprimoramento da gestão, nomeação da nova diretoria e adaptação ao modelo de governança adotadas pela TNT, como a prática de reportar periodicamente indicadores à matriz. A partir de agora, conforme Rodrigues, toda a atenção se volta para o negócio. "Vamos aumentar a capacidade para acelerar o crescimento", diz.
Integrar atividades
Uma das iniciativas será integrar as atividades da Mercúrio (transporte rodoviário de cargas) e da TNT (transporte aéreo internacional). "Em 2007 houve pouca integração. Agora vamos identificar oportunidades em clientes em comum para captar sinergias", adianta Rodrigues, lembrando que até agora o mesmo cliente que transportava por rodovia utilizando o serviço da Mercúrio e exportava ou importava pela TNT tinha de contatar uma pessoa em cada empresa. "Agora vamos unificar esta conta com um único ponto de contato. Isso vai agregar valor para o cliente", disse o executivo.
Outra iniciativa será aumentar a presença da Mercúrio no transporte rodoviário internacional. O peso hoje é de apenas 3% do faturamento e a idéia é pelo menos dobrar o percentual em até três anos. A Mercúrio alcança hoje Chile, Argentina e o Uruguai. "Transportar para a América do Sul é uma grande oportunidade que até agora a Mercúrio explorou pouco", analisa. Segundo Rodrigues, este ano a empresa vai passar a atender também o Peru e, possivelmente, o Paraguai. Para os próximos anos a companhia também mira os mercados da Colômbia e Venezuela. "São países onde a economia está indo muito bem", justifica o executivo.
Também no transporte internacional é possível criar sinergias. "Clientes do setor eletrônico, por exemplo, podem enviar produtos de maior valor agregado por avião e itens de menor valor via rodoviária", explica, acrescentando que a idéia também pode ser empregada por outros segmento como farmacêutico e automobilístico.
Posicionamento da marca
Outra decisão a ser tomada este ano será a definição do posicionamento da marca Mercúrio, com 61 anos de mercado. Rodrigues diz que ainda não há uma posição, mas "a marca Mercúrio não vai desaparecer".
Alegando que é uma época difícil para falar em números em virtude de a TNT estar prestes a divulgar o balanço de 2007, Rodrigues prefere não revelar o faturamento da Mercúrio no último exercício. Como em 2006, ainda nas mãos da família Fração a receita foi de €190 milhões e o crescimento ano passado foi em torno de 15%, o resultado teria se aproximado de €220 milhões.
Já os negócios da TNT no Brasil, conforme Rodrigues, cresceram em 2007 cerca de 10%, em linha com o mercado. "As exportações caíram um pouco, mas as importações compensaram", revela. O grupo holandês atende a partir do Brasil com vôos diretos Toronto, Londres, Frankfurt, Paris Hong Kong, Dubai, Santiago, Buenos Aires, Caracas e Nova Iorque.
Fonte: Gazeta Mercantil - 14 JAN 08