Depois de se consolidarem no mercado brasileiro, grandes redes de franquias planejam maior expansão no cenário internacional e devem chegar a 100 até o próximo ano, dobrando assim os números de 2007. A previsão otimista do setor deve-se à expectativa de entrada de novas redes em diversos países, como a Pastelândia, em vias de iniciar suas operações em Miami (EUA), e a Morana Acessórios, que abriu a primeira loja em Portugal no final do ano passado e está de malas prontas para entrar em Nova York.
O Boticário, empresa brasileira com maior número de lojas no exterior, é outro exemplo de sucesso em terras estrangeiras. A empresa inaugurou 9 pontos-de-venda em vários países no ano passado, somando, assim, um total de 70 unidades fora do Brasil. Hoje, 3% do seu faturamento industrial, estimado em R$ 826 milhões, é oriundo de vendas dos 20 países onde a companhia atua, entre os quais Japão, Estados Unidos, Arábia Saudita, Portugal, Uruguai, Cabo Verde, Venezuela e África do Sul.
Com 175 unidades no Brasil, a rede de restaurantes Spoleto, em dois anos, abriu 12 unidades entre Espanha e México. A marca de food service vai inaugurar este ano mais oito restaurantes nesses dois países e diz ter um máster franqueado para explorar o mercado português, mas a partir de 2009. O gerente de Expansão Internacional da rede, Antônio Moreira Leite, destaca que, antes de entrar no cenário internacional, a marca precisa observar o potencial do mercado: número de lojas possíveis, custo da operação e lucratividade. Para o executivo, buscar um parceiro que já conhece o terreno a ser explorado pode fazer a diferença.
A Spoleto entrou no México a partir de uma joint venture com o Grupo Alceia - maior empresa de food service daquele país. Depois, se associou à holding Serna. "Nossa experiência com as duas empresas nos ajudou muito a entrar nesse mercado com mais segurança, justamente pelo know-how que as duas marcas já têm no México. Conseguimos, por exemplo, entrar nos pontos comerciais dos shoppings com mais facilidade através do relacionamento que a Alceia tinha com as administradoras desses locais", diz o executivo da Spoleto.
Especializado em saúde e bem-estar, o Mundo Verde inaugurou as suas duas primeiras unidades fora do Brasil em 2007. Depois de Angola, o alvo, em 2008, será Portugal, que tem um plano de expansão de abrir 28 lojas num prazo de 10 anos. Nesse período, a expansão da rede em cidades portuguesas demandará investimento, dos franqueados, de pelo menos 4,2 milhões de euros. "Estamos dando continuidade à expansão via Portugal. Ajudou termos encontrado um máster com o perfil da empresa e o fato de o país ser porta de entrada aos produtos brasileiros na Europa. A questão do idioma português também contou muito, porque evitou a produção de novas embalagens", explica Elisio Joffe, diretor de Expansão da empresa.
A Akakia, especializada em cosméticos, abriu em dezembro a primeira loja em Angola e pretende expandir no próximo ano, com pelo menos quatro unidades em Moçambique e Portugal, também devido à facilidade do idioma.
Com 140 franquias no Brasil, o foco da marca, desde o seu lançamento há dois anos, foi o mercado internacional, diz o diretor presidente, Guilherme Jacob. "O que contribuiu para escolhermos esses países foi encontrar parceiros inseridos nesse ramo", disse ele.
Mercado asiático
O diretor executivo da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Ricardo Camargo, visitou em dezembro, durante dez dias, quatro cidades chinesas a fim de colher informações para este ano levar empresários brasileiros ao país asiático, já com a missão de fechar negócios no setor de franquias. Nesse estudo de mercado, o executivo aponta alimentação, moda esportiva e praia, beleza e produtos exóticos como alguns dos segmentos com campo fértil naquele País, que hoje tem 2 mil marcas franqueadas, contra 1.200 do Brasil.
Em fevereiro, a ABF realizará um Fórum com empreendedores para lhes apresentar o mercado chinês, e em junho a associação traz empresários chineses à feira de franquias, em São Paulo, de Hong Kong, Macau, ShenZhen e Guanjun.
Do franchising brasileiro, hoje apenas a Arezo está presente na China. "A China pode quadriplicar esse número nos próximos cinco anos e tem a vantagem de estar aberta para entrada de marcas estrangeiras no seu território", diz Camargo. O executivo diz que em Macau, que tem apenas 500 mil habitantes, mas recebe a visita de 27 milhões de turistas anualmente, há isenção de tributos para empresas estrangeiras do mercado de franchising que tercerizar parte do negócio na cidade. O mesmo ocorre em Hong Kong. Por exemplo, se uma rede de produtos de beleza contratar uma empresa naquelas regiões para fabricar a embalagem, a companhia estrangeira recebe em troca a isenção de impostos, garante.
Para analistas de varejo, é fundamental a empresa ganhar primeiro o máximo de experiência no mercado interno e só depois ir a campo em outros países. A consultora Cláudia Pamplona crê que atuar em culturas diferentes requer um estudo minucioso do lugar, independentemente do ramo. "É importante também estar atento à forma de expansão. Isto é, se o negócio será gerido pela própria marca ou por meio de um máster franqueado. A segunda opção tem a vantagem de minimizar riscos para o proprietário da marca, já que o seu investimento acaba sendo bem menor."
Fonte: DCI - 11 JAN 08
Deixe sua opinião! Comente!