As incertezas da infra-estrutura energética do País afetou um dos negócios mais esperados em Limeira. A refinaria que negocia a ocupação das instalações da Copersucar, onde até abril de 2007 operava a Nova América, precisou redesenhar o planejamento no município pelo risco da falta de gás natural para a produção.
Marcos Torres, um dos três sócios da nova refinaria, revelou à Gazeta que a instalação da empresa travou em novembro passado. O grupo procurou a Comgás, distribuidora de gás natural em São Paulo, para apresentar o projeto e recebeu a informação de que não havia gás para repassar à nova empresa. “A partir disso, tivemos que modificar toda a estratégia de atuação”, falou.
No final de outubro, a Petrobras reduziu em 17% o fornecimento de gás natural para São Paulo e Rio de Janeiro com o objetivo de garantir a geração de energia elétrica para as termoelétricas, que entraram em funcionamento devido ao baixo abastecimento dos reservatórios de água, provocado pela longa estiagem. Com isso, a Comgás apenas garantiu o fornecimento dos contratos fixos, o que provocou cortes no gás excedente usado pelas empresas que ampliaram a produção - o pólo regional de cerâmica, da qual Limeira integra, foi prejudicado.
A medida passou a gerar incertezas quanto ao risco de um novo “apagão” do setor elétrico entre analistas do setor, contestado pelo governo. Torres terá um encontro hoje com representantes da distribuidora para uma nova tentativa de acordo. Ele espera uma proposta mais modesta. Para produzir as 300 mil toneladas anuais de açúcar estimadas inicialmente, a refinaria precisa receber 2,5 milhões de metros cúbicos/dia. “A oferta deverá ser de 600 mil a 1 milhão por dia”, informou. Se confirmada, a produção cairá para 70 mil toneladas no primeiro ano.
Segundo o empresário, a Comgás já avisou que só terá garantias de aumento no fornecimento de gás para junho. Até lá, a refinaria deverá deixar de lado o mercado exportador (de 80% a 90% do planejado) e se concentrar apenas no interno. “Com esse fornecimento, os custos para exportação dobram e o produto não tem preço competitivo”, disse.
Além do gás, as negociações para a aquisição do prédio da antiga União com a Copersucar também esbarraram em trâmites burocráticos. A nova refinaria apresentou uma nova proposta à empresa, que seria não a compra, mas sim o arrendamento do prédio, e aguarda resposta. “Temos interesse em investir em Limeira e temos todo o apoio da Copersucar, da Prefeitura e do sindicato local para a instalação na cidade, mas devemos respeitar os prazos das negociações.