Além da questão logística, a segurança também preocupa. Conforme mostrou PortoGente em outubro de 2007, os bombeiros não contam com acessos viários adequados para atender na região. Na ocasião, o químico e especialista em gerenciamento de riscos, Ricardo Serpa, informou que há um problema gravíssimo de rotas. “Pela falta de acesso, se acontece uma explosão, um incêndio, o bombeiro não vai conseguir chegar. Um dia vamos ter algo mais grave”, disse Serpa.
Aquino aponta que a maior parte dos terminais tem sistemas ultrapassados de gestão do fluxo de transporte. O secretário afirma que a administração municipal não vai tolerar que o trânsito seja afetado por equívocos operacionais das empresas. “Ainda hoje tem caminhão que chega ao terminal e fica parado no gate para verificar documentos. Não vamos mais aceitar isso”. Uma mudança de usos e costumes, destaca Aquino, é fundamental para o aperfeiçoamento do tráfego na Alemoa. “Nem tudo que adotamos é recebido de forma pacífica pela iniciativa privada. Quando o município entra na questão, muita gente ainda vê com restrições. Mas, como somos o lado neutro, temos que atuar”.
Entre as principais melhorias físicas previstas para este ano estão a implantação de duas transposições ferroviárias, a expansão de pontes e o término da drenagem e da pavimentação na avenida Albert Schweitzer (paralela à Rodovia Anchieta, que liga Santos à Capital). O presidente da Associação das Empresas do Distrito Industrial e Portuário da Alemoa (AMA), João Maria Menano, lembra que a região concentra diversos terminais prestadores de serviço para armadores. As empresas, de acordo com ele, por trabalharem com inúmeros clientes, em muitas oportunidades falham na coordenação das operações e causam transtornos nas apertadas vias de acesso. “Às vezes nem é culpa do prestador. Acontece do veículo de uma transportadora chegar (à Alemoa) para retirar um contêiner vazio e o contêiner ainda nem estar disponível. Há casos em que o próprio armador não está sinergizado com o terminal”.
Menano afirma que é necessário cobrar disciplina dos terminais e adotar, como solução, o mesmo agendamento prévio de cargas utilizado nos terminais de zona primária. Para ele, é fundamental um melhor ordenamento do trânsito, em especial envolvendo os terminais de contêineres vazios, passando pelo prolongamento do horário de trabalho, já que muitas empresas encerram o expediente às 17 horas.
Segundo o presidente da AMA, outra prioridade para este ano é a reurbanização do entorno do viaduto da Alemoa. Ele diz, ainda, que é preciso fazer com que pequenos hábitos não prejudiquem o trânsito. “Temos que evitar também caminhoneiros que estacionam embaixo do viaduto para tomar um refrigerante, comer alguma coisa. Isso atrapalha bastante”. A efetivação de pequenas ações irá contribuir para aliviar o trânsito nas imediações dos terminais, mas a solução, para Menano, só acontecerá com a implantação das transposições ferroviárias.
Imagem localiza as vias em que a AMA propõe
realizar as transposições ferroviárias
O projeto de transposições da AMA consiste na abertura de duas passagens de nível em direção à Rodovia Anchieta. Elas seriam construídas sob a linha férrea administrada pela MRS Logística, que fica entre a rodovia e os terminais da Alemoa. Menano avalia que faltam acertar poucos detalhes para levar as obras adiante. O entrave, no entanto, está na participação da MRS, que, segundo o presidente da AMA, “ainda reluta” em aceitar o projeto.
A hipótese da construção de um viaduto, ao invés das transposições, seduz Menano, mas ele prefere manter os pés no chão. “Muitas pessoas me perguntam se eu não preferiria um viaduto. Claro que prefiro. Mas isso pode demorar. É melhor dar um passo de cada vez. Estou otimista e ensejando que possamos galgar passos ainda maiores para fortalecer e engrandecer tanto o porto como a cidade de Santos”.
Fonte: PortoGente - 08 JAN 08