Algumas histórias das casas em que Niemeyer morou já são famosas. Nas últimas três décadas, o arquiteto vem adotando um tom autobiográfico em seus relatos. Não é difícil encontrar um texto em que ele escreva a respeito da residência de seu avô, onde nasceu e cresceu, nas Laranjeiras, tradicional bairro carioca. Da mesma forma, as narrativas acerca da casa das Canoas também são diversas. Contudo, isso não tira o interesse - quase que meramente biográfico - da publicação “As casas onde morei”.
Foto: casa das Canoas
Em ordem cronológica, o pequeno volume descreve sete moradas: a das Laranjeiras, a de avenida no Leblon, a da rua Carvalho de Azevedo, a de Mendes, a das Canoas, a de Maricá e o apartamento da rua Prudente de Moraes. Sobre a das Laranjeiras, por exemplo, Niemeyer escreve: “Era uma casa assobradada, com seis janelas na fachada e uma extensa varanda a segui-la até o fim. Fora construída para minha mãe, que ocupava com seus seis filhos e a nossa prima Milota, o
andar superior. No térreo ficava o hall de entrada, ligado ao gabinete do meu avô”.
Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares nasceu na cidade portuária do Rio de Janeiro, em 15 de dezembro de 1907. Não errei a data! E nós reclamamos, às vezes, de ter que trabalhar por longos trinta ou trinta e cinco anos... Há mais de trinta anos, ele já se pode dar ao luxo de imprimir esse tom autobiográfico nas falas. Considerado o mais importante arquiteto brasileiro deste século em função da quantidade e qualidade de obras construídas, iniciou sua carreira no escritório de Lúcio Costa, em 1934, quando se graduou na Escola Nacional de Belas Artes.
Substituiu Costa na coordenação do grupo que desenvolveu os estudos do arquiteto francês, Le Corbusier, para o edifício-sede do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro, passando a desempenhar o papel principal na corrente modernista que privilegiava a expressão plástica.
Nos anos 30, quando tem origem na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, a escola carioca se torna o movimento que irradia as idéias modernistas. O arquiteto Lúcio Costa é o teórico do movimento, que tem nas figuras de Oscar Niemeyer, Jorge Machado Moreira, Milton e Marcelo Roberto e Affonso Eduardo Reydi seus maiores representantes.
A força política regional e o crescimento econômico, principalmente devido à industrialização, concentrado no eixo Rio-São Paulo, propiciaram a modernização da arquitetura brasileira entre os anos de 1950-70, consolidando as escolas carioca e paulista. A tecnologia avançada do concreto armado agregou-se aos elementos básicos e característicos da escola carioca: lajes de perímetro curvo, terraços, varandas e marquises, “brises-soleil” e cobogós (elementos vazados).
Foto: www.kaduniemeyer.com
As criações de Niemeyer, conectando o vocabulário barroco ao modernismo arquitetônico, possibilitaram experiências formais espetaculares. Obras que foram concretizadas por calculistas famosos, entre eles o brasileiro Joaquim Cardoso e o italiano Pier Luigi Nervi.
A presença constante de Oscar Niemeyer no cenário da arquitetura contemporânea internacional, desde 1936 até os dias atuais, o transformou em símbolo brasileiro. E é na figura deste centenário profissional que homenageamos os arquitetos e engenheiros pelo Dia 11 de Dezembro.
Fonte: PortoGente - 11 DEZ 07