A Gerdau aparece pelo segundo ano consecutivo como a empresa mais internacionalizada do País no Ranking das Transnacionais Brasileiras, organizado pela Fundação Dom Cabral. A lista leva em consideração quanto da empresa foi internacionalizado - ou seja, mesmo empresas de menor porte podem aparecer na lista. Após a Gerdau aparecem a Vale, a Sabó Autopeças, a Marcopolo e a Odebrecht.
“Para montar o ranking, avaliamos quanto a empresa tem em ativos, vendas e empregos no exterior”, explica o coordenador de negócios internacionais da Fundação Dom Cabral, Luiz Carlos de Carvalho. “Em geral, isso é mais forte na indústria. Mineração e siderurgia, por exemplo, são segmentos internacionalizados no mundo todo.”
A líder Gerdau fez 12 aquisições internacionais em 2007. A mais recente, este mês, foi a compra da americana Quanex (Macsteel), segunda maior fornecedora de aços longos especiais para a indústria automobilística dos EUA, por US$ 1,6 bilhão. Também adquiriu a Chaparral Steel - segunda maior produtora de aço da América do Norte - por US$ 4,22 bilhões.
Antes, o grupo havia adquirido a mexicana Tultitlán, por US$ 259 milhões, a Inca, da República Dominicana, por US$ 42 milhões, a venezuelana Sizuca, por US$ 93 milhões, e a indiana SJK, por US$ 71 milhões.
No total, o grupo desembolsou US$ 6,3 bilhões este ano em aquisições - o maior volume de gastos desde que foi iniciado o processo de internacionalização, na década de 80. Em 2006, a empresa fez sete aquisições e desembolsou US$ 1 bilhão.
A segunda colocada, a Vale, teve um 2007 de menos aquisições. A maior compra da história da empresa foi feita no ano passado: por US$ 18 bilhões, o grupo assumiu o controle da produtora canadense de níquel Inco. Após a compra, a Vale se tornou a segunda maior mineradora do mundo em valor de mercado, atrás apenas da anglo-australiana BHP Billiton. O plano de investimentos da Vale para 2008 contempla a execução de mais de 30 projetos no Brasil, Peru, Chile, Canadá, Austrália, Indonésia, Nova Caledônia, Moçambique e Omã. Nos projetos internacionais, serão investidos cerca de US$ 3 bilhões.
“Os executivos que controlam as empresas hoje estão muito mais preparados para a internacionalização do que os de 50 anos atrás”, diz Carvalho. “A idéia já faz parte do cotidiano.”
Carvalho acredita que, para os próximos anos, deve haver cada vez mais empresas no ranking de transnacionais. “Antes, tínhamos um cenário de juros altos e câmbio desfavorável. Isso mudou”, diz. “As empresas deixaram de ser meras exportadoras para ter estrutura no exterior.” Além de fusões e aquisições, ele afirma que já há muitas empresas com crescimento orgânico no exterior. A Sabó Autopeças é um exemplo.
Em agosto, a empresa inaugurou uma fábrica em Plymouth (EUA), construída para produzir retentores para clientes como GM e Ford. A próxima filial deve ser na China, onde o grupo vai fornecer, em 2008, componentes para a fábrica de transmissões da Volkswagen. A Sabó tem também filiais na Argentina, Alemanha, Áustria e Hungria, além de duas unidades no Brasil. Ao todo, são nove fábricas, que vão faturar US$ 312 milhões este ano.
Apesar de a economia estar favorável para os processos de internacionalização, Carvalho diz que as empresas brasileiras poderiam ser mais rápidas. “Muitas carecem de agressividade”, diz.
AS CAMPEÃS
Gerdau (siderurgia)
Vale (mineração)
Sabó (autopeças)
Marcopolo (transporte)
Odebrecht (construção)
Embraer (aviões)
Weg (motores)
Tigre (tubos e conexões)
Fonte: O Estado de S.Paulo - 03 DEZ 07