O Brasil deverá chegar a 2009 com um saldo na balança comercial perto dos US$ 20 bilhões, metade dos US$ 40 bilhões previstos pelo mercado para este ano. As projeções para a redução de superávit já estão sendo feitas por consultorias como a MB Associados e são consideradas prováveis por entidades como a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e pelo ex-secretário de Política Econômica e o consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Julio Sérgio Gomes de Almeida.
A forte redução esperada para o saldo comercial reflete a maior velocidade de crescimento das importações. Enquanto as compras do Brasil deverão fechar o ano com crescimento de 30%, as exportações crescerão bem menos, perto de 15%. Em prazo mais longo, as diferenças são ainda maiores. Entre 2003 e 2008, com base nas projeções da AEB para o ano que vem, as importações deverão ter crescido 190% - já as exportações, apenas 130%.
O economista da MB Associados, Sérgio Vale, conta que trabalha com números perto dos US$ 20 bilhões para o saldo comercial de 2008. Depois de bater um saldo ao redor dos US$ 46 bilhões ano passado, estima-se que o superávit deste ano deverá ficar em cerca de US$ 40 bilhões, caindo para algo perto de US$ 30 bilhões e encolhendo US$ 10 bilhões em 2009.
De forma geral, segundo Vale, a deterioração dos saldos comerciais é praticamente generalizada. “Em setores como intermediários, bens de consumo e de capital a tendência é piorar ainda mais”, diz o economista.
A AEB prevê saldo comercial de US$ 30 bilhões para o ano que vem. A entidade estima que as exportações fecharão em US$ 159 bilhões este ano e em US$ 168 bilhões no ano que vem. Já as importações passariam de US$ 119 bilhões para US$ 159 bilhões.
Segundo o vice-presidente da entidade, José Augusto de Castro, ainda não há previsões fechadas para 2009, mas reconhece que a faixa dos US$ 20 bilhões é “bastante realista” e poderia, até mesmo, ser alcançada antes, já no ano que vem. Na semana passada, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) revisou para baixo as projeções de crescimento da economia americana.
A preocupação é que a desaceleração venha mais forte, afetando o resto da economia global. O ex-secretário de Política Econômica e consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Julio Sérgio Gomes de Almeida, afirma que é provável que o superávit caia bastante até 2009.
Ele diz, entretanto, que um recuo do saldo para US$ 20 bilhões não chega a ser “catastrófico”, mas seria uma “sinalização ruim que o Brasil estaria dando”.
Fonte: O Estado de S.Paulo - 03 DEZ 07