Domingo, 02 Fevereiro 2025
Acostumado, desde a sua criação, a fomentar o debate portuário em todo o País, a reportagem do PortoGente trouxe à tona mais uma importante discussão na última semana: os primeiros atos administrativos do presidente da Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), o engenheiro químico Jorge Luiz de Mello, que, em uma entrevista exclusiva, explicou os motivos que o levaram a determinar o corte de horas extras dos funcionários da estatal.

 

Por causa dessa atitude de Mello, muitos portuários passaram a discordar da nova direção, algo exemplificado na última semana, quando mais de 20 comentários (leia todos) foram postados na entrevista com o presidente da docas carioca. E, de acordo com a maioria dos internautas, as justificativas não convenceram a ninguém. No caso da economista da CDRJ Marli Amorim, há 34 anos no quadro da estatal, as críticas são ácidas.

 

Em um dos comentários, ela destacou que, apesar do respeito que nutre pela pessoa do presidente da CDRJ, ele “foi mal assessorado em atacar preliminarmente a remuneração dos empregados da CDRJ, em especial, o adicional de horas extraordinárias recebidos pelos empregados”. Em outro trecho, ela aponta que na Era Collor, a Docas do Rio de Janeiro foi obrigada a absorver 500 funcionários da extinta Portobrás, o que onerou os cofres públicos e, desde então, levou à derrocada financeira da CDRJ.

 

“A partir de então, a olhos vistos, a CDRJ, anualmente, começou a perder cerca de U$$ 2 milhões, tornando-se em pouco tempo uma empresa deficitária, não em razão da incompetência de seus empregados e sim, pela incompetência do Estado. Durante um longo tempo, nenhuma administração se preocupou em atualizar os salários dos empregados, restando aos mesmos tentar recuperar parte de seu poder aquisitivo trabalhando em regime de horas extraordinárias”.

 

Além de Marli, vale destacar, ainda, as colocações de Nildes Sampaio, vice-presidente do Instituto Nacional de Desenvolvimento Portuário (Indep) e ainda mais contundente nas suas observações após a publicação da entrevista com o presidente da CDRJ. “Medidas políticas de governo provocaram prejuízo aos portuários. Hoje, no Rio de Janeiro, existem áreas entregues ao tempo e à ferrugem. O prédio da engenharia e oficinas passou o primeiro mandato do governo Lula entregue às pulgas, servindo de posto de castigo para guardas”.

 

Nildes ainda ressaltou que, para ela, hoje em dia o maior problema dos portos é ético e moral, pois o que mais os portuários aguardam em todo o País é que as palavras das autoridades correspondam às ações e as ações correspondam aos fatos de forma positiva, pois “antes da invasão política nas diretorias executivas portuárias, as Docas não estavam na situação em que se encontram e nas posições de comando do Governo Federal existiam áreas estratégicas que eram ocupadas por técnicos de carreira”.

 

E o corte das horas extras continuou rendendo pano para manga ao longo da semana em PortoGente. O internauta que se identificou como Morreba, mais um morador do Rio de Janeiro, faz uma analogia interessante para questionar a real necessidade das mudanças no bolso dos guardas portuários, categoria que mais sofreu com o fim das horas extras em larga escala.

 

“Se nos anos 90 eram 400 guardas, por que querem cortar as horas extras agora, que há cerca de 200 homens registrados? Chega de enganação, nós sabemos que na hora de cortar custos sobra sempre para o trabalhador, sempre foi assim, e não vai ser com o Lula que isto vai mudar. Devemos é acabar com a corrupção, investir de verdade, acabar com a comissão e o roubo. Chega de enganação”.

 

Fonte: PortoGente - 28 NOV 07

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