Após tantas informações e especulações, é até natural que existam opiniões divergentes sobre a instalação de um porto em Peruíbe. Para o leitor do PortoGente, vamos publicar duas visões diferentes sobre o mesmo assunto logo abaixo.
Uma, embasada pelo engenheiro naval da Poli-USP Marcos Mendes de Oliveira Pinto e outra defendida pelo ambientalista Plínio Melo, da Mongue, uma organização não-governamental de Peruíbe que defende o meio ambiente.
A favor do porto
Para o professor da USP, se o projeto Porto Brasil sair do papel, será um salto gigantesco na hoje pacata economia de Peruíbe. “Seria muito legal, pois a Baixada Santista é o melhor ponto de São Paulo para a instalação de qualquer porto, com movimentação de todo tipo de mercadoria. Um porto na região é fadado ao sucesso, desde que os entraves sócio-ambientais sejam contornados”.
Marcos Oliveira Pinto explica também que, na área de logística, a chegada de um complexo portuário ao Litoral Sul traria novas cargas para São Paulo.ele descarta, em um primeiro momento, a hipótese de que o Porto de Santos perca cargas para o Porto de Peruíbe.
“Santos é o mais requisitado e por isso apresenta falhas. Assim, várias toneladas de soja vão parar em Paranaguá, por exemplo. Com o porto do Litoral Sul, a carga continuaria em São Paulo. Todos ganhariam e até mesmo Santos seria obrigado a modernizar-se mais rapidamente. Não podemos acreditar em estudos que apontem o porto santista como um dos piores. Ele é um complexo, digamos, hoje em dia, estressado”.
Contra a instalação
O secretário executivo da Mongue, por sua vez, confessa estar assustado com a quantidade de informações publicadas nos últimos dias a respeito do projeto Porto Brasil.
Para Plínio Melo, um ex-radialista de Peruíbe que largou o microfone para defender as causas ambientais, alguém está ganhando em toda essa especulação financeira, imobiliária e comercial.
“O estrago seria muito maior do que qualquer um pode imaginar. Para quem não sabe, essa é a última ligação entre a Serra do Mar e o Oceano Atlântico, pois o resto do Litoral está totalmente urbanizado em sua orla marítima. Até agora, a da EBX não tem estudo ambiental algum, a Cidade não tem infra-estrutura para suportar tamanho crescimento”.
Plínio Melo lembra ainda de outra obra polêmica que não pôde sair do papel por causa dos entraves ambientais, que em plena década de 90 afugentaram os investidores e desestimularam a apresentadora de TV Xuxa Meneghel a construir o Xuxa Water Park na cidade vizinha Itanhaém.
“A geração de emprego é ficção. Onde vamos empregar 15 mil pessoas depois que tudo estiver pronto. Somos contra a falta de responsabilidade e de estudos para o projeto, não odiamos o porto. Imagina o que aconteceria em uma hipotética fila de caminhões aqui, travaria o Litoral Sul todinho. Muito precisa mudar para que isso saia de forma segura do papel”.
Fonte: PortoGente - 24 OUT 07