Mineradora investirá US$ 1,6 bi para produzir 30 milhões de toneladas a partir de 2011. A entrada da trading Noble Group no capital da MHAG Mineração, em julho passado, fez a empresa reavaliar seu projeto de produção de minério de ferro e mirar diretamente um plano mais agressivo, três vezes maior. A meta da mineradora agora é produzir 30 milhões de toneladas a partir de 2011, com uma etapa inicial de 10 milhões de toneladas em 2009. Anteriormente o projeto era de 10 milhões a partir de 2009, com uma fase inicial de 3,6 milhões de toneladas.
"O mercado está crescendo a 10% ao ano e vai precisar de mais minério, nós temos reservas de um minério de boa qualidade, então é uma boa oportunidade", afirmou o diretor presidente da MHAG Mineração, Pio Egídio Sacchi, em entrevista à este jornal concedida no escritório comercial da empresa em São Paulo, momentos antes de uma reunião com diretores do Noble Group.
A mineradora, sediada em Natal, tem reservas estimadas em 3,77 bilhões de toneladas, localizadas em minas nos estados do Rio Grande do Norte e Paraíba. Por isso, garante Sacchi, há reservas suficientes para serem exploradas por quase 50 anos. Além disso, a companhia possui 53 registros de lavras, não só nos estados já citados como também no Ceará e Piauí. Segundo Sacchi, o minério tem 67,5% em média de teor de ferro e "baixíssimos contaminantes".
Por hora, a empresa está produzindo cerca de 600 mil toneladas anuais, obtidas de uma de suas minas, a Mina do Bonito, em Jucurutu (RN). Além da ampliação da produção na região, para 10 milhões de toneladas anuais, a MHAG também vai explorar comercialmente outros dois blocos, em Cruzeta, também no Rio Grande do Norte, e São Mamede, na Paraíba, cada um com produção de aproximadamente 10 milhões de toneladas.
O projeto contempla, também, infra-estrutura portuária no Porto do Mangue, no Rio Grande do Norte, que deve consumir investimentos de US$ 200 milhões, para o escoamento da produção do estado. Já a infra-estrutura existente no Porto de Suape (PE), onde a mineradora já possui um terminal com capacidade para 300 mil toneladas por mês, deve passar por expansão. "Suape vai passar a escoar 10 milhões de toneladas por ano, da nossa produção do Sul-Paraíba, então serão necessárias readequações", disse Sacchi, sem revelar os aportes previstos para a ampliação.
A companhia estuda ainda a construção de uma unidade pelotizadora de 5 milhões de toneladas. O executivo, no entanto, não revelou detalhes do projeto. Entre as indefinições para a execução da obra estaria o fornecimento de energia.
Abertura de capital
Para responder aos investimentos planejados, que totalizam US$ 1,6 bilhão, acima dos US$ 750 milhões inicialmente previstos, a MHAG prepara uma oferta pública inicial de ações com a qual espera captar cerca US$ 650 milhões. Segundo Sacchi, há seis bancos interessados em coordenar a operação, que será realizada até o final do ano que vem.
"A aceitação do projeto tem sido muito boa, tanto pela qualidade do minério como pela proximidade com o litoral", disse. "Que projeto de mineração fica a 120 quilômetros do mar? Nenhum."
Exportações
A idéia da empresa é exportar a totalidade de produção, mas Sacchi não descarta a possibilidade de abastecer as siderúrgicas que hoje estão sendo estudadas para região, como nos estados do Maranhão, Ceará e Pernambuco.
Atualmente a mineradora exporta entre 50 mil e 70 mil toneladas por mês pelo porto pernambucano. Semana passada, por exemplo, cerca de 70 mil toneladas de minério embarcaram com direção à China. Os volumes são comercializados no mercado spot, já que os volumes são muito baixos.
A comercialização do minério agora está à cargo do Noble Group, que em julho adquiriu 30% da mineradora por R$ 112 milhões. A trading, sediada em Hong Kong, também comercializa a produção de outras mineradoras pelo mundo, incluindo brasileiras, por meio de seus 155 navios. Além da produção atual da MHAG, a empresa está negociando a futura produção da mineradora, mas de acordo com Sacchi ainda não há contrato fechado.
O controle da mineradora pertence à holding paranaense Campina Participações, do empresário Edson Pereira Duda, que também atua nos setores imobiliário, agroindustrial, de combustíveis e tintas, entre outros. O empresário entrou no setor de mineração há três anos, quando adquiriu a MHAG Mineração.
Fonte: Gazeta Mercantil - 19 OUT 07