Segunda, 03 Fevereiro 2025

As empresas cerâmicas do Sul do Estado perde- ram desde junho a linha marítima que ligava o Porto de Imbituba à Costa do Golfo - porta de entrada para o mercado da América do Norte - por onde escoava cerca de 25% dos revestimentos cerâmicos destinados ao mercado externo. Desde então, as indústrias tiveram que recorrer aos portos de São Francisco do Sul e de Itajaí para embarcar os produtos destinados àquela região. A mudança aumentou os custos das empresas em 40% com o transporte rodoviário.

As exportadoras ainda não têm certeza de que toda a produção destinada aos países da América do Norte vai chegar ao destino na data combinada. Como os portos de Itajaí e São Francisco do Sul são mais movimentados que Imbituba, alguns contêineres estão saindo do Estado com atraso. A demora para chegar ao destino pode acarretar em perdas de contratos para as indústrias.

Caminho era

mais confortável

O presidente do Sindicato das Indústrias Cerâmicas (Sindiceram), Otmar Müller, diz que embora a oferta de navios e a freqüência não fossem tão grandes no Porto de Imbituba, enquanto havia a linha para a Costa do Golfo as empresas trabalhavam com mais tranqüilidade porque sabiam que as mercadorias chegariam no destino na data prometida. "O processo era mais fácil e confortável. Com o Terminal Intermodal de Criciúma e a instalação da Receita Federal no mesmo local, os produtos já saiam daqui completamente liberados para o embarque", afirma Müller.

Terminal Intermodal

suspende as atividades

Sem a linha para a Costa do Golfo no Porto de Imbituba, desde o dia 1º de agosto a direção do Terminal Intermodal de Criciúma suspendeu as atividades e demitiu praticamente todos os funcionários. O terminal - instalado em fevereiro do ano passado e que chegou a movimentar até 240 contêineres por mês, algo em torno de 7 mil toneladas de revestimentos cerâmicos, madeira e metal - acabou paralisando as atividades por falta de serviço. No mês passado, apenas quatro contêineres foram de trem para Imbituba.

Segundo um funcionário do Terminal Intermodal de Criciúma (que pede para não ter o nome revelado), desde que as cerâmicas tiveram de exportar por Itajaí, o volume de despacho de contêineres pela linha férrea despencou. Até o escritório da Receita Federal está fechado. A direção do empreendimento prometeu que assim que houver uma linha para o Golfo em Imbituba, os trabalhadores poderão ser recontratados. "Sinceramente, não temos esta convicção, porque o retorno da linha depende da conclusão da licitação para o arrendamento do terminal de contêineres do porto, que nem sequer abriu ainda. E, até lá, também não temos garantia que a vencedora da licitação mantenha a logística que estava sendo feita", diz o funcionário.

Ontem, no Terminal Intermodal de Criciúma, no bairro Cristo Redentor, o que se via era apenas um galpão vazio, com algumas empi- lhadeiras enfileiradas e alguns funcionários cumprindo horário, sem ter o que fazer.

Armadores aguardam por licitação no Porto de Imbituba

A empresa que atracava no Porto de Imbituba teria abandonado a região Sul sob alegação de que a maioria de seus clientes seria do Norte do Estado e, por isso, estaria tendo prejuízos. O administrador do Porto de Imbituba, Jeziel Pamato de Souza, afirma que está trabalhando para atrair novos armadores. No entanto, está encontrando dificuldades. Segundo ele, como o terminal de contêineres passa por um processo de arrendamento - o edital de licitação para a concorrência pública deve ser publicado dentro de 60 dias - os armadores preferem aguardar a escolha da arrendatária para investir no porto. "Eles querem esperar para saber como ficará a administração", diz.

A definição do arrendamento do Terminal de Contêineres não tem data definida. O processo que deveria estar concluído no início deste ano acabou sendo suspenso porque uma empresa participante da licitação pediu impugnação do processo, fazendo com que todo o trabalho tivesse de ser refeito.

Hoje, segundo explica Souza, o processo está sob avaliação na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para após ser encaminhado ao Tribunal de Contas da União. Somente com a liberação do TCU é que será possível publicar a licitação para a definição do arrendamento. "Se tudo correr dentro do previsto, acredita-se que até o final do ano tudo esteja resolvido", diz. O contrato para arrendamento é de 25 anos.

Para o administrador do Porto de Imbituba, não há dúvidas de que o porto é viável economicamente. "Se compararmos o primeiro semestre deste ano com o mesmo período do ano passado, houve um crescimento de 8,9%. Infelizmente, como o Governo Federal não tem recursos para investir em melhorias, os portos precisam arrendar espaços para viabilizar melhorias. O mesmo processo por que passa hoje o Porto de Imbituba já foi feito em outros portos do País."

Segundo ele, a empresa que arrendar o terminal terá obrigações e direitos. Ela vai receber uma área de 40 mil metros quadrados e terá de investir, de imediato, aproximadamente R$ 70 milhões.

Atualmente, apenas uma linha, com destino ao Chile e ao Equador, sai do Porto de Imbituba, o que vai representar o embarque entre 800 e 900 contêineres por mês. Na época em que havia a outra linha, o porto chegou a exportar 1,8 mil contêineres mensais, ou seja, o dobro.

Fonte: A Tribuna (Criciúma) - 23 AGO 2007

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