Além dos embarques recordes de milho, o Porto de Paranaguá também tem registrado movimento maior de soja transgênica nas últimas semanas. O fato coincide com a liberação do silo público para o grão geneticamente modificado. Do início do mês até a tarde de ontem, o porto havia recebido 8.796 caminhões carregados com soja transgênica. No mesmo período de julho, foram apenas 4.101. O volume de milho descarregado no porto foi um pouco maior em julho: 8.933 contra 8.025. O grande movimento dos últimos dias gerou fila de caminhões na BR-277, que foi eliminada na madrugada de ontem, após trabalho intenso no pátio de triagem.
Após meses de disputa judicial, o silo público foi liberado para a soja transgênica em 20 de julho. Na prática, os operadores só começaram a usar a estrutura a partir de 10 de agosto. O silão tem capacidade para armazenar 107 mil toneladas, cerca de 10% do total do terminal. Para a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), a fila dos últimos dias não tem relação com a soja transgênica. De acordo com o chefe do departamento de operações da Appa, Cláuber Candian, operadores enviaram carga em excesso para o porto, sem ter local onde armazenar. “Alguns mandaram mais cargas. Pelo sistema que temos, poderemos penalizar os operadores que erraram.”
Segundo Candian, os custos do silo público e dos armazéns privados é semelhante desde o ano passado – entre US$ 4 e US$ 5 a tonelada. Por causa disso, diz ele, a liberação do silão não teria gerado procura maior pelos exportadores da soja geneticamente modificada. “O porto já exportava soja transgênica, em um sistema de armazenagem de quase 1 milhão de toneladas.”
De acordo com o analista técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra, o escoamento da safra está indo bem, sem ocorrência de problemas. “As cooperativas têm ajudado muito nisso, com programação boa de embarques.” Segundo ele, o pico da colheita já passou, mas as próximas semanas devem continuar registrando movimento intenso de caminhões carregados com milho em direção ao porto. “Entre as exportações do complexo soja e do milho, o movimento neste ano está 10% superior ao do mesmo período do ano passado, mas o ritmo de comercialização está bem distribuído ao longo do ano”, diz. Considerando apenas as exportações de milho via Paranaguá, o aumento é de 20%.
Segundo o analista da AgRural Seneri Paludo, o produtor brasileiro de milho passou a dar mais atenção às exportações. “A liquidez no mercado internacional está mais alta do que no mercado interno, em função do aumento da demanda. Alguns países da Europa sofreram com seca e tiveram redução na oferta, daí a procura maior pelo milho brasileiro”, explica. Segundo ele, a união desse de outros fatores explica o movimento intenso de granéis no Porto de Paranaguá. “Um dos fatores é que está ocorrendo mais entregas de soja transgênica no porto, mas outras coisas contribuíram para isso.”
Fonte: Gazeta do Povo - 23 AGO 2007