Segunda, 03 Fevereiro 2025
Os Estados Unidos são o principal mercado-alvo das companhias siderúrgicas brasileiras. Depois da Gerdau, que já produz mais aço laminado na América do Norte do que no Brasil, e da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e suas recentes investidas a ativos do solo norte-americano, é a vez da Usiminas anunciar o interesse em parceiros, aquisições ou até mesmo uma nova usina no país.

A Gerdau produziu 3,517 milhões de toneladas (t) de laminados nos Estados Unidos e 2,342 milhões de t no Brasil no primeiro semestre.

A Usiminas vai seguir a mesma trilha. "Nossas buscas por alianças estão direcionadas para os Estados Unidos, pois é onde há maior competitividade para exportar placas", afirmou Rinaldo Campos Soares, presidente do Sistema Usiminas. A empresa, que possui alianças na Argentina e no México, analisou os custos de envio de placas para a América do Norte, Europa e Ásia. A conclusão é que os americanos têm mais vantagens. O continente europeu, por sua proximidade com os asiáticos, não é tão atrativo. E a Ásia não é competitiva.

A estratégia da Usiminas é a de repetir o sucesso da Gerdau no mercado internacional, mas atuando em aços planos. Na siderúrgica gaúcha, maior fabricante de aços longos do Brasil, o faturamento com operações internacionais, incluindo América Latina e Europa (onde a empresa possui participação acionária na Sidenor, na Espanha) já corresponde a 55,3% do total.

Em busca de alianças

Dentro do plano de expansão da Usiminas, em que serão aportados US$ 8,4 bilhões, está prevista uma usina com capacidade para produzir 3 milhões de toneladas de placas de aço, voltadas exclusivamente ao mercado externo. Mas a viabilidade do projeto está atrelada à parceria com alguma empresa no exterior, com intenção de agregar valor ao produto fora do Brasil. "Isso aumentaria a rentabilidade do investimento", explica o presidente.

Por isso a empresa busca alianças e parcerias com empresas nos Estados Unidos. Mas admite adquirir alguma laminadora, ou até mesmo iniciar um projeto greenfield (construir uma fábrica própria) em solo norte-americano. "Queremos ser um player de porte no mercado internacional, aproveitando as vantagens de custo do aço no Brasil", diz.

A Usiminas chegou a avaliar a usina Sparrows Point, que seria vendida pelo grupo Arcelor Mittal, em acordo com órgãos antitruste norte-americanos para que a fusão entre as duas companhias fosse aceita. Mas o negócio não foi fechado. "A Sparrows não foi aprovada pelo nosso Conselho de Administração", disse Rinaldo.

O mercado norte-americano já é o principal destino das exportações da Usiminas. No primeiro semestre deste ano, 22% dos embarques da empresa foram para os EUA. Mas as vendas externas no período sofreram retração de 26%, quando comparados a idêntico período do ano passado. O motivo, alega Soares, é o aquecimento do mercado interno.

"Tivemos que direcionar parte da produção para atender a demanda doméstica, que é a prioridade da empresa", diz. As vendas locais de aços planos, afirma, será 14,9% superior este ano em relação a 2006.

Consolidação

O presidente da Usiminas afirma que a onda de consolidação do setor siderúrgico está longe de acabar. "Apenas 27% da produção mundial de aço está nas mãos das dez maiores siderúrgicas. As cinco maiores montadoras de veículos detêm 58% da produção mundial. As três maiores mineradoras respondem por 78% da demanda mundial. O setor siderúrgico está pulverizado", afirma.

As dez maiores do setor, continua Soares, têm cerca de US$ 130 bilhões em caixa, que podem ser investidos em novas aquisições. A expectativa dele é que em 2010, de 35% a 40% da produção mundial de aço venha destes grupos.

O setor segue se movimentando neste sentido. Recentemente a indiana Tata Steel venceu uma disputa contra a CSN pela européia Corus. As duas empresas, originárias de países emergentes, queriam se aproveitar do baixo custo produtivo do aço em suas sedes para exportar as placas e beneficiar em solo europeu, onde o mercado consumidor é maior.

No Brasil, quem mais acelera os passos em sua internacionalização é a Gerdau. A última investida do grupo gaúcho foi na África, onde formou joint venture com a indiana Kalyani na usina SJK Steel. O presidente do Conselho de Administração da empresa, Jorge Gerdau Johannpeter, admitiu que em breve a empresa deverá colocar um pé na China, mercado considerado estratégico pela diretoria da empresa.

Soares estima que já em 2010, 60% da produção mundial de aço virá dos países emergentes. O Brasil pula na frente, por possuir o menor custo produtivo de aço do mundo: US$ 283 por tonelada. Esta vantagem chamou a atenção de grandes players do setor, como a ThyssenKrupp, que é majoritária no projeto Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), e a Dongkuk e a Danieli, sócias na Ceará Steel.

Matérias-primas

Outra solução para o setor siderúrgico é adquirir minas de minério de ferro e carvão, as principais matérias-primas utilizadas para a produção do aço. A Usiminas, com a implantação de uma nova coqueria, se tornará auto-suficiente em carvão. Mas não tem a mesma estratégia para o minério de ferro. "Somos bem atendidos pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). As minas ficam próximas às ferrovias, que não são distantes de nossas usinas. Para que entremos nesse ramo é preciso de um bom ativo, com grande reservas e condições logísticas bem favoráveis", explica Soares.

Ao mesmo tempo, a companhia procura o local para a construção de sua usina de placas. Seis locais foram avaliados. A empresa admite que a cidade de Cubatão, onde fica a Cosipa, ainda tem as condições mais favoráveis.

Fonte: DCI - 20 AGO 07
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