Usando uma metodologia internacional para estimativas de aborto, dados populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e registros do Sistema Único de Saúde (SUS), o estudo indica que, em 2005, foram feitos cerca de 1 milhão de abortos ilegais no País.
Nas Regiões Sul e Sudeste (com exceção do Rio), as taxas ficam abaixo de 20 abortos induzidos para cada cem mulheres de até 49 anos. Nos Estados do Norte e do Nordeste (tirando Rio Grande do Norte e Paraíba), os índices ficam acima de 21 abortos por cem mulheres. No Acre e no Amapá, chegam a até 40 abortos para cada cem mulheres em idade fértil.
Quando o estudo analisa apenas a faixa de adolescentes entre 15 e 19 anos, as proporções se repetem, sendo maiores nos Estados mais pobres. O mesmo acontece quando se analisam as mortes provocadas por complicações do aborto feito em casa ou em clínicas clandestinas. Em Salvador, há mais de dez anos o aborto provocado aparece como a principal causa de mortalidade materna – no restante do País, está em terceiro lugar.
“Os dados mostram que a ocorrência e os riscos do aborto inseguro afetam as mulheres pobres, as mais vulneráveis, que acabam recorrendo a métodos caseiros para tentar interromper a gravidez”, afirma o médico Mário Monteiro, professor da Uerj e um dos responsáveis pela pesquisa.
O tema do aborto voltou à tona neste ano desde que o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, se pronunciou sobre o assunto, falando que ele pertencia à esfera da saúde pública. Temporão chegou a mencionar a realização de um plebiscito sobre o assunto.
O aborto é permitido em casos de estupro ou de gravidez que coloque em risco a vida da mulher.
Fonte: Jornal do Commercio - 03 AGO 07