Depois de muitas idas e vindas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidará hoje o ex-prefeito do Rio Luiz Paulo Conde para assumir a presidência de Furnas Centrais Elétricas, alvo da cobiça do PMDB. Lula decidiu iniciar o pacote de nomeações nas estatais do setor elétrico justamente no dia em que deputados e senadores voltam do recesso parlamentar, na tentativa de aprovar no Congresso a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e a Desvinculação das Receitas da União (DRU).
O Planalto espera que a nomeação de Conde - uma antiga reivindicação da bancada do PMDB na Câmara - distensione o ambiente político, abrindo caminho para que deputados e senadores estiquem até 2011 a validade da CPMF e da DRU, dois dispositivos constitucionais que vencem em dezembro. A preocupação tem motivo: há intensa pressão de governadores e prefeitos, estimulados por fatias do PMDB, para a repartição de recursos da CPMF com Estados e municípios.
Lula fará um apelo para que os aliados se empenhem pela prorrogação desses dois dispositivos na reunião com os 11 partidos que compõem o Conselho Político, marcada para amanhã. A partilha dos recursos é considerada catastrófica pelo Planalto, mas foi aceita pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), relator da emenda constitucional que renova a CPMF e a DRU. Cunha é o padrinho político da indicação de Conde para Furnas e, com a atitude, queria engrossar o coro dos que pressionam o Planalto. Conseguiu seu intento.
Apesar de autorizar o pacote de nomeações do setor elétrico, Lula ainda não bateu o martelo sobre a indicação do novo ministro de Minas e Energia. Ele não desistiu da idéia de reconduzir Silas Rondeau ao cargo. Além de Conde, serão nomeados nos próximos dias os apadrinhados para as diretorias da Eletrobrás, Eletronorte, Eletrosul, Petrobrás e BR Distribuidora. O único petista que deve entrar nessa leva é José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobrás, indicado para comandar a BR Distribuidora. Para completar o pacote de agrados o governo também começou a liberar os recursos das emendas parlamentares individuais ao Orçamento da União. Serão seis parcelas de R$ 500 milhões, totalizando R$ 3 bilhões.
Fonte: O Estado de S.Paulo - 01 AGO 07