O reversor, instalado dentro da turbina, auxilia na frenagem. Especialistas informam que o equipamento do lado direito não fechou, o que teria provocado arrasto maior da aeronave, fazendo-a pender para o lado esquerdo. O vice-presidente técnico da TAM, Ruy Amparo, havia dito na quarta-feira que o equipamento estava travado desde segunda por um pino para evitar que abrisse sem ser acionado. O problema já havia sido detectado pelo sistema eletrônico do Airbus, na sexta, mas o avião continuou voando.
Os manuais do fabricante recomendam a revisão do equipamento até dez dias após a falha ter sido detectada. Para técnicos da TAM, o problema não seria inicialmente um fator de impedimento para a continuidade das operações com o avião.
Em nota, a companhia aérea afirma que seguiu as instruções previstas no manual da Airbus e desativou o reversor direito após a indicação de defeito pelo sistema eletrônico da aeronave durante o vôo 3051, em 13 de julho. “O procedimento não configura qualquer obstáculo ao pouso da aeronave”, destaca a TAM, que nega problemas de manutenção anteriores.
A empresa também afirmou desconhecer qualquer problema com a aeronave no dia anterior ao acidente, em 16 de julho. Segundo o Jornal Nacional, o jato teria parado além do limite normal da pista de Congonhas ao concluir o pouso do vôo 3215, vindo de Belo Horizonte. A avaliação predominante dos especialistas é a de que deve ter havido uma conjunção de causas para a tragédia, que envolvem também a situação da pista e/ou de eventuais falhas do piloto, e não apenas fatores mecânicos. O problema no reversor pode ter contribuído, mas a aeronave não depende dele para frear normalmente.
O piloto e engenheiro aeronáutico James Waterhouse, professor da Universidade de São Paulo (USP), diz que, em Congonhas, se a pista estiver úmida, é difícil pousar sem uso do reversor. Há diversos relatos de comunicação no dia do acidente apontando que ela estava escorregadia.
“O acidente é uma reunião de fatores contribuintes. Aquela pista não oferece as condições ideais, mas sozinha não é um fator decisivo”, afirma Raul Francé Monteiro, ex-comandante da TAM e coordenador de ciências aeronáuticas da Universidade Católica de Goiás.
Fonte: Jornal do Commercio - 20 JUL 07