Terça, 04 Fevereiro 2025
Um avião Airbus A320 da TAM com 176 pessoas a bordo (170 entre passageiros e funcionários da TAM e seis tripulantes), que decolou de Porto Alegre, perdeu o controle durante a manobra de descida no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, no início da noite de ontem, atravessou a avenida Washington Luís, bateu contra um posto de gasolina e depósito da TAM Express, do lado oposto do aeroporto, e causou um incêndio de grandes proporções.

Até as 21h30min, a companhia aérea não havia divulgado a lista de passageiros que estavam no vôo JJ 3054 que decolou da Capital gaúcha às 17h16min e teve o pouso autorizado para as 18h50min. Também não havia confirmação do número de vítimas do acidente. Além dos passageiros e tripulação, o acidente também feriu os funcionários do posto e do edifício da TAM Express.

Por volta das 20h, a companhia divulgou um comunicado confirmando o acidente. A empresa ativou um Programa de Assistência às Vítimas e Familiares e disponibilizou um número de telefone (0800 117900) para atendimento aos familiares dos passageiros e tripulantes. A Infraero suspendeu todos os pousos e decolagens no terminal paulistano.

O analista de suporte técnico de informática da Varig Levi Lourenço estava saindo do trabalho quando ouviu o barulho do avião caindo. Como não conseguiu ver o acidente, pensou se tratar de um teste de turbina, como ocorre normalmente no prédio em que trabalha. Segundo Levi, o avião da TAM tentou aterrissar na pista principal do aeroporto, derrapou e atravessou a avenida Washington Luís, próxima à rua Otávio Tarquínio. "Como não conseguiu pousar, o avião atingiu o prédio do serviço de carga da TAM, a TAM Express", informou.

Um funcionário do aeroporto disse que a aeronave chegou a tocar o solo, mas tentou arremeter, sem sucesso.

Pista principal acaba de ser reformada

A pista principal do aeroporto de Congonhas, em que o Airbus da TAM, que fazia o vôo JJ 3054, sofreu um acidente durante a manobra de pouso, acaba de ser reformada. As obras foram concluídas no final do mês passado e a pista voltou a ser utilizada no dia 30 de junho.

A liberação para pousos e decolagens, no entanto, ocorreu sem que fosse feito o grooving (ranhuras para dar mais aderência aos pneus dos aviões e facilitar o escoamento da água). A ausência do grooving na pista auxiliar de Congonhas - a única disponível com a reforma da pista principal - foi uma das críticas feitas em maio deste ano por Uébio José da Silva, do Sindicato dos Aeroviários, para justificar a predileção de pilotos em não pousar em Congonhas.

Segundo o superintendente-regional da Infraero, Edgard Brandão Júnior, o grooving não poderia ter sido feito logo após a liberação da pista, pois é necessário um período de cura (tratamento) do pavimento. Esse trabalho deverá ter início ainda neste mês e será feito durante as madrugadas para não atrapalhar as operações de pousos e decolagens na pista. O prazo de término é de 60 dias. Apesar de não contar com o grooving, segundo Brandão Júnior, a infra-estrutura da pista passou com folga em testes de declive - inclinação da pista para possibilitar o escoamento da água - e aderência.

Entre o final do ano passado e o começo deste, Congonhas registrou casos de derrapagens de aeronaves devido ao mau estado de conservação de suas pistas. No final de fevereiro, a pista auxiliar entrou em reforma. Durante este período, a pista principal era fechada sempre que chovia forte, pois seu estado ainda era ruim. Os trabalhos na recuperação da pista auxiliar duraram cerca de 70 dias. O aeroporto de Congonhas é o mais movimentado do Brasil, com mais de 500 vôos diários.

Obras

A reforma das pistas auxiliar e principal começou em fevereiro e terminou no final de junho. Custou cerca de R$ 20 milhões.

Aeronave da Pantanal derrapou segunda-feira

Um dia antes do acidente com o vôo JJ 3054 da TAM, uma outra aeronave já havia derrapado na pista principal do aeroporto de Congonhas. Um avião modelo ATR-42, da empresa Pantanal, derrapou durante o pouso e foi parar na grama. O incidente ocorreu às 12h43min e interrompeu as operações na pista principal até as 13h02min.

A aeronave, um turboélice, saiu às 10h30min de Araçatuba, a 530 quilômetros da capital, e deveria ter feito escala em Bauru, mas não fez. O vôo levava 21 passageiros, que não ficaram feridos na derrapagem.O incidente ocorreu no primeiro dia de chuva constante em São Paulo após a entrega da reforma da pista principal do aeroporto de Congonhas, na zona Sul da capital paulista.

Lula convoca ministros para reunião de emergência

Assim que soube do acidente com o avião da TAM, logo que as primeiras imagens da tragédia surgiram na tevê, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva montou um "gabinete de crise’’’’ com os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Walfrido Mares Guia (Relações Institucionais), Franklin Martins (Comunicação Social) e Waldir Pires (Defesa). O próprio Pires havia acabado de sair de uma audiência com Lula quando as primeiras notícias chegaram a Brasília. O presidente já estava em seus despachos finais do dia quando soube da queda do vôo 3054, que fazia a rota de Porto Alegre a São Paulo.

Lula enviou o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, ao aeroporto de Congonhas, mas o primeiro representante da cúpula do governo federal levaria quase duas horas para chegar ao local da tragédia. Saito estava sobrevoando São José dos Campos, no interior de São Paulo, quando Lula conseguiu falar com ele. Principal informante do Palácio sobre o acidente, Saito só conseguiria chegar ao local por volta das 21h. O avião atingiu o prédio da TAM Express pouco antes das 19h.

O brigadeiro teve de voar até o Campo de Marte, na zona Norte de São Paulo. Depois, Saito teria de se deslocar por terra até Congonhas, que fica na zona Sul. Mesmo com batedores, enfrentou problemas no deslocamento, porque o trânsito em toda a cidade estava um caos, pelo fechamento de algumas das principais avenidas, que ficam próximas ao aeroporto.

É o segundo acidente de grandes proporções que o governo Lula tem de enfrentar em menos de um ano. A queda do Boeing da Gol, no final de setembro do ano passado, deixou 154 mortos e deflagrou a maior crise da aviação civil na história do País.

Desde então, controladores de vôo se amotinaram, várias derrapagens aconteceram nas pistas de Congonhas e passageiros enfrentaram caos nos saguões de aeroportos de todo o Brasil.

Familiares de possíveis vítimas causam tumulto no Salgado Filho

Os familiares de prováveis passageiros do vôo 3054 da TAM causaram tumulto ontem no aeroporto internacional Salgado Filho, em Porto Alegre. A causa foi a dificuldade na busca por informações do acidente. Até as 21h15min, tanto a Infraero quanto a TAM não tinham divulgado a lista com os nomes dos passageiros. Os cerca de 40 familiares presentes no saguão do aeroporto entraram em atrito com funcionários da companhia e da Infraero e a Brigada Militar foi chamada a intervir.

Um dos familiares mais exaltados era o corretor de imóveis Luís Alberto Moisés, que buscava informações sobre a nora. Por volta das 21h, ele tentou invadir o balcão de check-in da companhia em busca de informações, mas foi contido pela Brigada Militar, que formou uma barreira humana no saguão.

O superintendente-regional da Infraero, Nilo Reinehe, reuniu os familiares para dar explicações, mas foi agredido, pois não acrescentou nada de novo para quem esperava notícias. "Não tenho a lista de passageiros. Quem divulga os nomes é a TAM", afirmou. Os funcionários da companhia, por sua vez, informaram que o sistema de busca da companhia está bloqueado e que a lista dos passageiros seria liberada por São Paulo.

A policial civil Roseli Rodrigues, que buscava informações sobre seu sobrinho Rodrigo Prado de Almeida, reclamava da falta de informações. "O número 0800 que a companhia forneceu não funciona e ninguém nos dá informações, nem no balcão de check-in, nem da Infraero", criticou.

Governo do Estado monta grupo
de apoio para prestar assistência

A governadora Yeda Crusius determinou ao chefe da Casa Militar, coronel Dalmo dos Santos Nascimento, que monte um grupo de apoio no aeroporto Salgado Filho para prestar a assistência que for necessária à Infraero e aos familiares de vítimas do acidente ocorrido próximo ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com o avião da TAM que partiu de Porto Alegre no final da tarde de ontem. O grupo que prestará atendimento no aeroporto Salgado Filho será composto por integrantes da Defesa Civil do Estado.

Acidente é o pior da aviação brasileira

No pior acidente da história da aviação brasileira, um avião da TAM com 176 pessoas a bordo proveniente de Porto Alegre caiu ontem ao lado do aeroporto de Congonhas quando tentava pousar, as 18h50min, sob chuva em São Paulo. Além dos passageiros e tripulantes a bordo, foram atingidos no desastre um número não-conhecido de funcionários da TAM que trabalhavam no galpão da empresa. Pelo menos 13 vítimas teriam sido socorridas até às 22h do lado de fora da aeronave, sendo que outras três pessoas foram encontradas mortas. Alguns funcionários do depósito, onde trabalhariam cerca de cem pessoas, pularam pelas janelas para escapar das chamas. "Tem aí uns 200 mortos’’’’, declarou o coronel Manuel Antonio da Silva Araujo, comandante do Corpo de Bombeiros.

O acidente é mais um marco trágico na atual crise no setor aéreo brasileiro que se arrasta por quase um ano, com rebeliões de controladores de vôo e medidas lentas e desencontradas do governo para contornar o caos que se instalou nos aeroportos.
Até hoje, o pior desastre aéreo brasileiro deu-se com a colisão em pleno ar de um Boeing 737-800 da Gol contra a asa de um jato executivo Legacy, em 29 de setembro do ano passado. Após a colisão, o vôo Gol 1907 caiu em área vizinha ao Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso, matando 154 tripulantes e passageiros. Os tripulantes do Legacy nada sofreram.

Piores catástrofes

As três que tiveram o maior número de mortes

setembro de 2006 - Boeing da Gol cai em Mato Grosso, após colidir com um jato Legacy, e os 154 passageiros a bordo do avião morrem

junho de 1982 - O Boeing 727-200 da Vasp se choca contra uma montanha da Serra de Aratanha, a 30 quilômetros de Fortaleza, causando a morte de 137 pessoas

outubro de 1996 - Um Fokker-100 da TAM nas proximidades do aeroporto de Congonhas cai e deixa 99 pessoas mortas
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