Terça, 04 Fevereiro 2025

Uma nova modalidade de fundos, chamada mezanino, poderá ajudar a popularizar as aplicações nos Fundos de Investimentos em Participações (FIP) e impulsionar empresas pequenas e médias a abrirem capital no Brasil nos próximos anos. Trata-se de um fundo semelhante ao private equity, mas que possui componentes de retorno fixo e variável, o que lhe atribui maior segurança e riscos reduzidos.

As quotas de FIPs, que incluem fundos private equity, venture capital (capital de risco) e mezanino, registraram, de janeiro deste ano até ontem, uma captação de R$ 8,4 bilhões, num crescimento de 500% sobre os R$ 1,4 bilhão registrado durante o mesmo período de 2006, de acordo com dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O volume total das ofertas em análise das quotas de FIPs está em R$ 600 milhões, o que totaliza R$ 9 bilhões em ofertas públicas de FIP este ano.

Segundo fontes de mercado, a Gestora Darby possui uma Joint Venture (associação de empresas) com a Gestora Stratus para a captação do Brazil Mezanino Infra-estrutura - FIP, de R$ 400 milhões, com foco de investimento no setor de infra-estrutura. O fundo encontra-se em fase final de captação e os investimentos deverão começar em breve, dizem analistas. A Neo Investimentos encerrou recentemente a captação de R$ 177 milhões do seu fundo mezanino feito em parceria com o Banco Itaú, que terá uma duração de 8 anos. O fundo recebeu um investimento de R$ 30 milhões da Funcef (terceiro maior fundo de pensão do Brasil, pertencente aos funcionários da Caixa Econômica Federal).

Mezanino aquece emissões

"O mezanino é interessante pois pode estar muito próximo de empresas que estão em fase de abertura de capital", afirma Roberto Yoshio Miura, supervisor da coordenadoria de participações da Funcef (Copar). Segundo Miura, é a primeira vez que a Funcef aplica nesse tipo de fundo.

Antonio Gledson de Carvalho, professor associado ao Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital da FGV, conta que os fundos mezanino já são bastante representativos nos Estados Unidos e em outros países de economia consolidada. "O investimento em uma empresa pode se dar em vários estágios de seu desenvolvimento", diz.

"O que um fundo venture capital faz é um investimento na fase inicial de uma empresa, que é mais arriscado. O private equity investe numa empresa mais madura, com fluxo de caixa estável, por exemplo". Carvalho explica que o mezanino investe em empresas consolidadas mas que ainda não possuem escala para chegar ao mercado. "São empresas que estão em vias de ir para o mercado de capitais", conta ele.

A Evolve Gestão, empresa que ajuda seus clientes a atraírem investidores que melhor satisfaçam as necessidades de seus negócios, admite possuir algumas parcerias em vista com gestores de fundos mezanino, diz o sócio-diretor da empresa, Lúcio Moura.

O sócio da gestora de fundos Jardim Botânico, do Rio de Janeiro, Eduardo Faria, conta que a empresa chegou a abrir um fundo mezanino para a captação de aproximadamente R$ 100 milhões em 2005, que deveria investir em empresas com faturamento anual de R$ 50 milhões a R$ 300 milhões. Contudo, o fundo foi interrompido pelo fato de o mercado ainda não estar maduro o suficiente para assimilar a novidade. Segundo Faria, a empresa não descarta a hipótese de retomar a captação de um fundo mezanino, embora isso não esteja nos planos da companhia atualmente.

"Nosso fundo mezanino teve uma captação inicial mas não chegou ao montante almejado e está sendo repensado. Ele possivelmente irá tornar-se um fundo venture capital", conta.

Para Faria, o mezanino tem grandes chances de desenvolver-se no cenário de fundos nacional e pode oferecer uma contribuição importante para atrair maior número de investidores, devido a sua característica de menor risco.

"Muitas empresas que abriram capital poderiam ter recebido investimentos de mezanino e obtido uma ganho ainda maior". Ele explica que, como o Brasil vive um momento de transição de taxas de renda fixa muito altas para um cenário de juros decrescente, algumas empresas acharam melhor ir logo para renda variável do que ir para um fundo híbrido como o mezanino.

"Hoje, se fôssemos captar um fundo mezanino ele teria características maiores de abrangência de empresas. É uma classe de ativos intermediária e há uma mitigação de risco, pois existe um retorno mínimo e pode-se ter um adicional na venda da sua participação", diz. "No momento estamos focados no venture capital", completa ele.

Alta da Bolsa estimula fundos

Para o especialista em matemática financeira Marcos Crivelaro, os fundos de investimento são uma aplicação interessante no momento pois há projeções de oscilações na Bolsa para setembro ou outubro, decorrentes das excessivas altas dos últimos meses. "Os bancos já apresentaram modalidades de fundos que obtiveram uma aceitação razoável por terem uma proteção maior, como foi o caso de alguns fundos de capital garantido", afirma Crivelaro. A Bolsa acumulou alta anual de 22,3% em junho, segundo informações de mercado, e o Ibovespa tem quebrado sucessivos recordes de pontuação.

Os economistas explicam que a contribuição dos fundos mezanino será ainda maior não só pelo seu valor, mas por alavancarem empresas a capitalizarem-se ainda mais através da Bolsa, o que ampliaria também os ganhos dos investidores e aqueceria toda a economia nacional.

Fonte: DCI - 06/07/07

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