Principal responsável pelo crescimento da indústria brasileira em maio, a produção de bens de capital sinaliza que a expansão da economia deverá ocorrer sem pressões inflacionárias. O desempenho do setor, bem superior ao da média da indústria, representa a ampliação de investimentos das empresas na modernização e aumento da capacidade produtiva diante do crescimento da demanda.
’’Só podemos crescer quando as indústrias investem para produzir mais’’, comenta Andreas Meister, presidente da Ergomat, empresa que atua no segmento de máquinas-ferramenta, as máquinas de fazer máquina.
Segundo ele, o faturamento da empresa aumentou 18% no primeiro semestre, em relação a igual período do ano passado. Os pedidos em carteira já são equivalentes a três meses de produção, média considerada satisfatória no setor de máquinas e equipamentos. Seu principal produto são tornos automáticos.
As máquinas-ferramenta fabricam peças e componentes para praticamente todos os tipos de produtos manufaturados, de simples brinquedos a celulares, eletroeletrônicos e automóveis.
Na maioria das empresas, os chamados bens de investimento são os primeiros a serem cortados numa época de crise e os últimos a serem retomados quando a economia volta a crescer. ’’O mercado está se recuperando da retração ocorrida no ano passado e isso reflete o crescimento da economia como um todo, principalmente da indústria automobilística, no nosso caso em particular’’, afirma Meisner. Em 2005, o faturamento da Ergomat encolheu 15%.
Para Edgard Pereira, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o desempenho do setor de bens de capital, captado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), garante que uma aceleração do crescimento do PIB não traria problemas para o controle da inflação. Com ajuste sazonal, o setor teve crescimento de 5,1% de abril para maio, acumulando no ano alta de 16,3%.
’’A oferta vem se ajustamento, de maneira equilibrada, ao crescimento da demanda, seja pela ampliação da produção de bens de capital seja pela escalada das importações desses e de outros bens’’, diz Pereira.
A Sandretto, fabricante de máquinas injetoras de plástico, dispõe atualmente de uma carteira de pedidos para 85 máquinas, equivalentes a três meses de produção. A empresa fornece máquinas para fabricantes de automóveis, eletroeletrônicos, brinquedos e embalagens, entre outros.
Com fábrica em Arujá, na Região Metropolitana de São Paulo, a Sandretto foi adquirida, há três meses, pela Nardini, fabricante de máquinas-ferramenta. Logo após a negociação, a empresa participou da principal feira do setor no País, a Brasilplast, realizada em maio no Anhembi, em São Paulo. ’’ Apesar de ter sido às pressas, vendemos mais do que concorrentes antigos’’, conta João Baptista Guarino, diretor Administrativo da empresa.
Fonte: O Estado de S.Paulo - 05 JUL 07