Na semana passada, PortoGente mostrou a precária situação das ruas e avenidas que cruzam a malha ferroviária no perímetro urbano de Santos, especialmente nas regiões mais próximas ao porto santista. Lá, notou-se o mesmo fenômeno registrado em São Vicente: quanto mais afastada do centro comercial for o cruzamento com a linha férrea, pior é a realidade a ser enfrentada por motoristas e moradores.
A sinalização, em geral, é melhor em São Vicente que em Santos. Não há nenhum cruzamento sem a placa “Pare, Olhe e Escute”, ao contrário de Santos, onde achar uma via com todas as placas instaladas é uma façanha, seja por omissão dos responsáveis ou ação de vândalos.
Cruzamento 1 – Linha férrea x Rua Leopoldo Motta e Silva
Na praia do Itararé, perto da divisa com Santos, a sinalização encontra-se em ótimo estado, para sorte de motoristas, ciclistas e moradores do bairro, que cruzam diariamente os trilhos para ter acesso à praia. O maior problema é o acúmulo de lixo e mato nas áreas próximas ao local. Por incrível que pareça, os moradores não reclamam disso, pois segundo eles, a situação estava bem pior.
“Começaram a olhar para essa região com mais atenção há cerca de um ano. Se você está impressionado com o mato alto, é porque não morava aqui tempos atrás. A coisa era bem pior, até colocaram a sinalização de solo e de placas. Mas poderiam voltar a instalar as cancelas, que impedem a passagem de carros que tentam ser mais rápidos que o trem”, atesta Kátia Leça, moradora do Itararé há 13 anos.
Cruzamento 2 – Linha férrea x Avenida José Monteiro
Até mesmo por causa da recente inauguração do Complexo Viário Roberto Mário Santini, o local está em bom estado, inclusive com sinalização adequada do solo. Todavia, o local tornou-se um inferno para os ciclistas, que não têm uma faixa exclusiva e sofrem com carros e trens.
O fato curioso e triste é que em um dos lados do cruzamento, um dos faróis de alerta para a passagem de trens foi roubado. Com isso, motoristas e pedestres são prejudicados. O local tem grande movimentação de veículos de passeio e de carga pesada por dar acesso à Avenida Antônio Emmerich e ao Hipermercado Carrefour.
“Eu não tenho nada contra os trens, só acho que alguém poderia deixar essa área próxima à linha férrea mais agradável de ser usada, até mesmo por quem pretende fazer uma caminhada e não gosta da praia, como meu caso. E quando passa trem, o trânsito aqui fica muito ruim, esse novo complexo viário só veio para piorar nossa vida”, diz a aposentada Hortência Barbosa, de 71 anos.
Cruzamento 3 – Linha férrea x Rua Carlos Gomes
Esse local dá acesso à Vila Margarida, um dos bairros mais populosos de São Vicente, mas poderia estar em melhor estado. O mato começa a tomar conta da linha férrea depois do cruzamento e o solo está em péssimo estado. Os faróis de alerta não existem e os buracos perto dos trilhos são um armadilha para os ciclistas.
“Sabe o que eu percebo? Que eles só prestam atenção nas áreas próximas à praia, perto da casa de quem tem dinheiro. A linha amarela, por onde corre toda a linha férrea de São Vicente, é esquecida após o Carrefour. Lá, não deixariam um cruzamento no estado em que essa aqui está. Eu ando de bicicleta todo dia e tive sorte de não cair feio nesse cruzamento”, desabafa o eletricista José Barros, de 56 anos.
Cruzamento 4 – Linha férrea x Rodovia dos Imigrantes
São Vicente organiza seu trânsito com base em grandes avenidas que, juntas, recebem o nome de uma cor. Pela linha amarela passa toda a malha ferroviária que cruza o perímetro urbano da cidade. Ela é tão extensa que começa na praia do Itararé e ultrapassa até mesmo a Rodovia dos Imigrantes, onde a sinalização é boa, mas a conservação da linha férrea é muito ruim.
Alguns trilhos estão altos e outros com buracos ao redor, o que pode acabar com uma bicicleta ou mesmo com a suspensão de carros e motos. Um dos motivos é a grande quantidade de caminhões e veículos de carga pesada que transitam pelo local. Outro motivo só pode ser creditado à omissão dos responsáveis, pois os grandes e mais pesados caminhões só trafegam pela Via Anchieta, ignorando a Imigrantes.
Cruzamento 5 – Linha férrea x Rua Francisco José Bittencourt
Essa foi a região mais longínqua vistoriada pela reportagem do PortoGente. Fica no bairro Esplanada dos Barreiros e tem duas vias que cruzam a linha férrea. Em uma delas, tudo certo, com sinalização sonora e placas adequadas. Mas em outra via, não há sequer asfalto e o lixo toma conta. Aí surge o fato mais inóspito: um cavalo estava pastando tranquilamente na região, em cima dos trilhos, podendo resultar em graves acidentes tanto para o animal quanto para os vagões que passam pelo local.
Fonte: PortoGente