Terça, 22 Abril 2025
A frase não é nova, muito menos de minha autoria. Ela é o título de um livro que estremeceu as frentes marxistas e de esquerda no início da década de 1980. André Gorz deu “adeus ao proletariado”, antes mesmo de ele ir embora. E a polêmica volta à questão no livro “O debate sobre a centralidade do trabalho”, de José Henrique Carvalho Organista, uma publicação da editora brasileira Expressão Popular.

 

Organista lembra que Gorz apresenta a substituição contínua e cada vez maior da velha classe operária “por uma nova classe que ele denomina de uma não-classe-de-não-trabalhadores”, formada pelas pessoas expulsas do mercado formal assalariado. Ou seja, uma classe tem o emprego como atividade provisória, acidental e contigente.

 

André Gorz fazia essa avaliação a partir do aumento do desemprego em razão da revolução microeletrônica, que inaugurava uma nova ordem social, “cujas conseqüências mais visíveis são a diminuição da quantidade de trabalho social disponível e o aumento do desemprego de natureza tecnológica”.

 

O autor do livro da editora Expressão Popular inicia o seu livro lembrando Gorz para discutir a centralidade do trabalho no mundo contemporâneo. Organista defende: “...para alguns autores, o trabalho deixaria de ser uma categoria analítica importante para compreender as relações sociais em virtude de suas transformações quantitativas e qualitativas. Ou seja, num primeiro momento, identificam trabalho e emprego, parecendo esquecer que o segundo é uma construção histórica enquanto que o primeiro é uma condição ineliminável da existência humana”.

 

Para ele, tal argumentação, assim como a redução dos empregos estáveis, regulados e assalariados e o aumento do número de trabalhadores informais, indicariam que o trabalho estaria perdendo sua força enquanto categoria analítica do mundo social. “Em outras palavras, estaríamos vivendo numa sociedade pós-trabalho”.

 

Em sua conclusão, José Henrique Carvalho Organista defende: “O que se verifica na sociedade atual é que o capital trouxe velhas formas de produzir com nova roupagem. Isso não significa que o capital prescinda do trabalho vivo; longe disso, ele, ao fragmentar, exteriorizar e precarizar as relações de trabalho, tem se utilizado do trabalho vivo e incrementado a articulação entre mais-valia absoluta e mais-valia relativa”.

 

E prossegue: “Portanto, nesse sentido, o aumento da informalidade e sua explosão na década de 1990 são mais do que sinais de que os brasileiros estão procurando descortinar possibilidades de manterem-se vivos. Dependendo da ocupação que se exerce na informalidade, ela pode estar diretamente vinculada ao núcleo central do capital, sendo assim mais que uma estratégia de sobrevivência para quem exerce a atividade na informalidade, bem como forma de aumentar a lucratividade das empresas”.

 

Outra observação importante do nosso autor: “O capitalismo não irá desaparecer porque o emprego assalariado formal diminuiu, haja vista que a relação salarial permanece sem, é, claro, a contrapartida jurídico-legal”.

Fonte: PortoGente

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