Terça, 04 Fevereiro 2025

CABROBÓ – O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, se posicionou duramente ontem em relação aos protestos contra o projeto de transposição do Rio São Francisco. Geddel disse que a decisão política pela manutenção da obra é irreversível. A transposição, obra orçada em aproximadamente R$ 4,5 bilhões, pretende levar parte da água do São Francisco para as áreas mais secas de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. Anteontem, índios, trabalhadores rurais e setores da Igreja Católica iniciaram mais um protesto contra o projeto. Ontem, a manifestação foi reforçada e 1.200 pessoas mantêm uma invasão num canteiro de obra em Cabrobó.

Segundo o ministro, que participou ontem de almoço com empresários da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústria de Base (Abdib), a manifestação não impedirá nem atrasará os trabalhos na região. O governo ainda aguarda uma decisão da Advocacia Geral da União (AGU) quanto a um pedido de reintegração de posse.

“A situação está tranqüila e não atrapalha as obras. Solicitamos à AGU as medidas necessárias para a reintegração de posse. Tive a informação do Exército que essa manifestação não está atrapalhando em nada. A manifestação vai perdendo força à medida que as pessoas constatarem que a decisão política de fazer a obras é irreversível”, afirmou Geddel. O ministro argumentou que, embora aberto ao diálogo, o governo cumprirá o que determina a lei. “Vamos fazer cumprir a lei, o que significa a desocupação da área”, disse ele, considerando ainda natural que, por trás do protesto, haja um viés político e ideológico.

Apesar de Geddel afirmar que o protesto vem perdendo a força, ontem mais 300 pessoas se uniram aos manifestantes no acampamento montado para tentar impedir a continuidade das obras. Na fazenda Ponta da Ilha, eles fizeram vários atos simbólicos durante todo o dia. Na parte da tarde, grupos vindos de outras cidades do Nordeste, reforçaram o movimento que não tem data marcada pra encerrar. Como os integrantes do Batalhão de Engenharia de Construção paralisaram os trabalhos, os manifestantes jogaram terra e pedras nos trechos demarcados para a instalação dos dois canais de captação de água do São Francisco.

À tarde, os discursos de resistência à obra do governo federal foram marcados por apresentações culturais, organizadas pelos índios das tribos trucá, de Pernambuco, e aticum, da Bahia. Na ocasião, os líderes dos movimentos sociais presentes no acampamento fizeram uma reunião para discutir as reivindicações apresentadas na pauta do manifesto O Nordeste é viável sem transposição e com ética na política.

“A gente vai continuar essa luta sem trégua. Alguém do Ministério vai ter que vir aqui para conversar. Não vamos deixar o Rio São Francisco morrer porque eles querem”, disparou o agricultor e líder do Moviento dos Atingidos Por Barragens, Josevaldo Lima. No final da tarde, eles fizeram uma roda e dançaram em torno do buraco feito pelas máquinas do Exército.

Fonte: Jornal do Commercio - 28 JUN 07

Curta, comente e compartilhe!
Pin It
0
0
0
s2sdefault
powered by social2s

topo oms2

Deixe sua opinião! Comente!