A gradual recuperação do agronegócio a partir do último quadrimestre do ano passado, consolidada nos primeiros meses de 2007 e com tendência de manutenção da alta demanda até o fim do exercício, mexeu com as estruturas de produção de vários segmentos industriais. Os primeiros beneficiados foram os fabricantes de máquinas e equipamentos agrícolas. Na seqüência, montadoras de caminhões e de implementos rodoviários, que já administram longas listas de espera. Por fim, a reação se estendeu à cadeia produtiva de autopeças.
Um exemplo claro do atual estágio de retomada da economia a partir do agronegócio é Caxias do Sul. Randon e Guerra, as duas maiores fabricantes de implementos rodoviários do País, já revisaram para cima seus níveis de produção neste ano e contam com pedidos em carteira para os próximos 90 dias.
Sem exceção, todos os segmentos de mercado têm se mostrado aquecido. Mas, em especial, os ligados ao agronegócio e à bioenergia, mais precisamente o setor sucroalcooleiro. Na avaliação da diretoria da Randon, este cenário tem relação direta com redução de juros, disponibilidade de crédito, previsão de safra agrícola recorde, demanda por produtos ligados ao setor de bioenergia, aumento na produção de veículos e investimentos em infra-estrutura.
A Randon registrou, no primeiro trimestre do ano, incremento de 34% nos pedidos de implementos no comparativo com igual período de 2006, levando à formação de carteira sem precedentes no histórico da companhia. Foram comercializadas 4.579 unidades de janeiro a março, alta de 28,5%. Com base nestes números, a direção já trabalha com a possibilidade de alcançar volume total de 18 mil equipamentos no ano, representando incremento de 18% sobre o realizado em 2006 e de 10% sobre a estimativa inicial, de 16,5 mil unidades.
A diretoria da Guerra ampliou de 7 mil para 8 mil as estimativas de vendas de implementos rodoviários neste ano. A revisão deve-se ao incremento consolidado de 33% no primeiro quadrimestre, totalizando a comercialização de 2.940 unidades das linhas leve e pesada, contra 2.213 em igual período de 2006. A gerente de marketing, Melissa Guerra, salienta que semi-reboques e bitrens graneleiros são os equipamentos mais vendidos, exigindo 60 dias de prazo para a entrega de pedidos. Basculantes, tanques e porta-contêiner têm previsão de entrega somente a partir de agosto. "Para acelerar a produção, estamos trabalhando com turnos extras em alguns setores", adianta.
Buscando atender à alta demanda do setor canavieiro, que pelas projeções da Conab terá produção de 469,8 milhões de toneladas, a Guerra decidiu investir em nova fábrica. Melissa Guerra não adianta detalhes do projeto, apenas confirma a conclusão até dezembro e a localização próxima aos mercadores produtores do Centro do País. "Estamos nos direcionando para este mercado, que se encontra em franca expansão, com pesquisa, desenvolvimento e lançamento de equipamentos específicos."
Fonte: Jornal do Comércio - 04 JUN 07