Industriais, produtores, fornecedores e trabalhadores do setor canavieiro poderão discutir os problemas do setor sucroalcooleiro no Estado com representantes do governo. A possibilidade de abrir o debate sobre a expansão, a renda dos cultivadores e a modernização da produção foi concretizada a partir da criação da Câmara Setorial da Cana-de-Açúcar e Álcool.
O órgão tem caráter consultivo e está, diretamente, vinculado ao governo do Estado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico. As representações sindicais do segmento – Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar), Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-açúcar de Pernambuco (Sindicape) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape) – vão formar a mesa de debates.
Alexandre Meireles, representante do Sindaçúcar, pontua a confiança da categoria na eficácia das discussões possibilitadas pela criação da câmara. “Esperamos que, após as reuniões, exista uma atuação intensa na Zona da Mata com a oferta de emprego e renda para os trabalhadores”, diz ele. O Estado produz 380 milhões de litros de álcool e 1,4 milhão de toneladas de açúcar, sendo a Zona da Mata o maior pólo produtor.
Com a criação da câmara, os trabalhadores enxergam uma oportunidade para compartilhar as dificuldades do setor sucroalcooleiro no Estado, mas temem que apenas algumas categorias sejam beneficiadas. Para o presidente da Fetape, Aristides Veras dos Santos, não pode haver crescimento sem a preocupação com o meio ambiente e com os canavieiros. “Queremos travar um debate de forma ampla, aberta e tranqüila. É possível pensar no crescimento sustentável com soluções favoráveis para todos envolvidos no setor”, avalia.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho, descreve a criação do órgão como “mais um instrumento de trabalho do governo para ouvir e criar consensos”. Ele explica que a câmara, que terá atividades dentro de 30 dias, será composta por nove membros – quatro industriais, dois do setor de produção da cana-de-açúcar, quatro representantes dos trabalhadores e dois da secretaria. “Vamos aceitar também o apoio de organizações que possam contribuir para o crescimento do setor no Estado”, indica.
Para o presidente do Sindicape, Gerson Carneiro Leão, apesar de a câmara ser formalizada como consultiva, existe a indicação do início de uma organização. “Enquanto o setor precisava ser regulamentado, a categoria estava abandonada. Vamos resolver todas as lacunas com diplomacia”, comenta. Uma das primeiras ações da câmara será fiscalizar e proibir a devastação do plantio de cana no município de Goiana.
Fonte: Jornal do Commercio - 1º JUN 07