A produtora de alumínio canadense Alcan se movimenta para fugir da oferta de compra feita pela rival americana Alcoa. Ontem, o jornal canadense Globe and Mail noticiou que a Alcan estaria em negociações com a anglo-australiana BHP Billiton, a maior mineradora do mundo. A brasileira Vale do Rio Doce também apareceu em comentários de analistas como uma forte candidata à compra da Alcan.
Ontem, apenas um dia depois de o conselho de administração da Alcan ter recomendado aos acionistas que recusassem a oferta da Alcoa, a empresa americana afirmou que mantém sua oferta de US$ 73,25 por ação da Alcan - o que totaliza cerca de US$ 27 bilhões pela empresa. A Alcoa disse que sua equipe administrativa já se reuniu com um número significativo de acionistas da Alcan e ’’sente-se satisfeita por ter recebido forte apoio à fusão’’.
O conselho da Alcan rejeitou a oferta por considerá-la insuficiente. Em um documento encaminhado à Securities and Exchange Comission (SEC, a equivalente americana à CVM brasileira), a companhia, cuja sede fica em Montreal, disse estar estudando alternativas à proposta da Alcoa.
Uma dessas alternativas seria uma venda para a BHP Billiton. Alguns analistas dizem que essas negociações já poderiam estar acontecendo, e que outros pretendentes podem estar esperando enquanto a Alcan procura uma oferta mais interessante para seus acionistas. A Alcan não respondeu à solicitação de comentários sobre o caso. Uma porta-voz da BHP Billiton não quis comentar a informação.
’’BHP e Vale são as mais prováveis candidatas à compra da Alcan’’, disse à agência Bloomberg o analista Tony Robson, da Global Mining Research. No início do mês, o banco Credit Suisse também havia apontado as duas empresas como as mais fortes candidatas ao negócio.
Bill Selesky, analista da Argus Research Corp., inclui nessa disputa a também anglo-australiana Rio Tinto. Segundo ele, a Alcoa e a Alcan se ’’encaixariam muito bem’’, mas a Alcoa terá de aumentar sua oferta se pretende adquirir a Alcan. Para ele, as grandes mineradoras estão forradas de dinheiro depois dos bons negócios dos últimos anos. ’’Acho que a oferta inicial feita pela Alcoa foi apenas um primeiro passo de um processo longo que eles terão de percorrer’’, disse.
O analista Charles Bradford, da Bradford Research/Soliel Securities, é outro que aponta as três grandes mineradoras como as empresas capazes de fazer uma boa oferta pela Alcan. ’’São esses os rapazes suficientemente grandes para comprar uma Alcan’’, disse ele.
Bradford também sugeriu uma possível contra-oferta, ou a chamada oferta Pac-Man, da Alcan para comprar a Alcoa. Isso seria difícil, porém, por causa das regras e regulamentos complicados da Pensilvânia, onde fica a sede da empresa americana, disse ele.
Numa nota de pesquisa, o analista Amir Arif, da Friedman, Billings, Ramsey, escreveu: ’’Acreditamos que ou ela (a Alcoa) vai elevar o preço oferecido ou surgirá uma nova oferta, o que de um jeito ou de outro beneficiará os acionistas (da Alcan).’’
APETITE
Nas últimas semanas, especulações nos meios de investimento e na mídia vinham apontando a possibilidade de uma oferta de US$ 100 bilhões da BHP Billiton pela Rio Tinto. O presidente-executivo da BHP Billiton, Chip Goodyear, disse ontem que não descartava negócios de oportunidade. ’’Nós sempre buscamos oportunidades de aquisições que façam sentido para a BHP, seja a Rio Tinto ou qualquer outra empresa’’, disse ele durante um café da manhã de negócios em Perth, Austrália. ’’Nós podemos nos mover muito rápido, mas primeiro precisamos entender muito bem por que estamos fazendo isso.’’
A Alcoa lançou sua oferta de dinheiro e ações pela Alcan em 7 de maio, depois de quase dois anos de conversações privadas para se chegar a um acordo negociado. Juntas, as empresas teriam 188 mil empregados em 67 países, com um faturamento anual de US$ 54 bilhões.
NÚMEROS
US$ 73,25 por
ação é a proposta feita pela Alcoa para a compra da Alcan
US$ 27 bilhões
é o valor total da proposta feita pela empresa americana
188 mil
empregados é quanto as duas empresas teriam se a aquisição fosse concretizada
67
seria o número de países em que a empresa surgida de uma
eventual fusão estaria presente
US$ 54 bilhões
seria o faturamento conjunto das duas empresas. O grupo surgido da fusão seria o maior do mundo em alumínio
Fonte: O Estado de S.Paulo - 24 MAI 07