O presidente Luiz Inácio Lula da Silva montou o novo ministério de forma que facilite a discussão e a concretização de possíveis mudanças na Previdência Social do país. Por isso acomodou Carlos Lupi, do PDT, no Trabalho e, não, na Previdência, pasta que durante algum tempo foi considerada seu destino mais provável.
Lupi foi empossado no Trabalho ontem pela manhã, junto com outros quatro novos ministros: Luiz Marinho na Previdência, Miguel Jorge no Desenvolvimento, Franklin Martins na Comunicação Social e Alfredo Nascimento, que retornou aos Transportes.
Durante a cerimônia, o presidente explicou que fez essa opção porque o PDT não vê com bons olhos algumas questões relacionadas a mudanças no setor – Luiz Marinho, do PT, deixou o Trabalho para assumir a Previdência.
“A imprensa cansou de dar que o Lupi ia ser da Previdência e ele terminou sendo do Trabalho. E por que eu fiz isso? Primeiro porque eu conheço o pensamento do PDT. Segundo, porque era muito complicado colocar um companheiro para fazer uma determinada política na Previdência que você sabe que para o seu partido é quase uma questão de fé”, disse o presidente.
“Certamente ele teria dificuldades em alguns temas que a gente vai ter que discutir na Previdência para as futuras gerações”, completou.
No colo dos pobres
O presidente frisou, no entanto, que o novo ministro não deve “jogar no colo dos pobres a responsabilidade pelo déficit da Previdência”.
“O que chamamos de déficit é muito menor que os R$ 47 bilhões. Porque parte desse valor, que a gente costuma pôr num bolo e dizer que é déficit, significa política social”, afirmou.
Ao justificar a escolha de Lupi para integrar a equipe, Lula voltou a insistir que está imprimindo um aspecto de coalizão ao governo, como havia feito na posse de outros ministros.
“Muita gente dizia assim: ’Mas Lula, você está montando um governo com muita gente que fazia crítica a você: Geddel (Vieira Lima, da Integração Nacional), Lupi’. Não sei se Miguel Jorge (do Desenvolvimento) fazia crítica a mim, se fazia não era pela frente. E eu dizia: ’Companheiros, quando a gente vai construir uma coalizão, a gente não quer juntar os mesmos que já nos apóiam’”, disse.
Gerações futuras
No discurso de posse, Luiz Marinho indicou que a nova reforma da Previdência não irá atingir os atuais contribuintes. Ele disse que a mudança no sistema previdenciário atingirá a nova geração.
“O presidente deixou claro. Vamos discutir a Previdência olhando para o futuro, não para o momento. É para a próxima geração que nós vamos fazer a reforma”, disse ele. Ele descarta que, se a reforma não atingir os atuais contribuintes, os futuros terão problemas.
“Negativo. As contas estão razoavelmente equilibradas com esse conceito de separar efetivamente Previdência e o que é política social. Separando isso, o déficit é pequeno e nós temos condições de, através de gestão, conduzir esse processo e preparar a reforma para a próxima geração”.
Lula afirmou que a proposta de reforma da Previdência não vai partir do Executivo. “Não queremos que seja uma proposta do governo, mas da sociedade. Vamos permitir que as novas gerações tenham um sistema mais condizente com a necessidade dos trabalhadores.” (Com agências)
Lupi diz que não é da Força Sindical
BRASÍLIA – O novo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, minimizou a disputa entre as centrais sindicais pelo controle do ministério. Presidente nacional do PDT, partido que comanda a Força Sindical, Lupi disse que o ministério “estará com as portas abertas para todas as centrais sindicais” e ressaltou que não é ligado à Força.
“Não sou da Força, sou do PDT”, disse. A entidade é presidida pelo deputado Paulo Pereira da Silva, do PDT paulista. Lupi substituiu Luiz Marinho, que é dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Seis centrais sindicais ligadas à CUT se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anteontem, para criticar a troca no comando da pasta. Eles argumentaram que Marinho fez um bom trabalho e representava os trabalhadores.
Miro
Lupi teve que comentar a provocação de Lula que, no discurso da posse, fez uma brincadeira com o líder do PDT na Câmara, Miro Teixeira (RJ). “Deus te abençoe, que o Miro não te atrapalhe e permita que você seja bem sucedido na sua vida”, disse Lula.
O PDT quase perdeu o ministério porque defendeu a CPI do Apagão Aéreo e se posicionou contra a MP do Programa de Aceleração do Crescimento que cria um fundo com recursos do FGTS. “Nós temos 23 deputados e todos estão muito afinados com o governo”, disse Lupi. (Folhapress)
PMDB mineiro quer diretorias do Ceasa, Casemg e Funasa
HÉDIO FERREIRA JÚNIOR
BRASÍLIA – Liderados pelo deputado estadual Adalclever Lopes, representantes da bancada do PMDB na Assembléia Legislativa de Minas apresentaram ontem ao ministro das Comunicações, Hélio Costa, em Brasília, uma lista com indicações para 26 cargos dos segundo e terceiro escalões cujos ministérios são presididos pelo partido e que têm representação no Estado.
A legenda ocupa hoje as pastas da Saúde, Comunicações, Integração Nacional, Minas e Energia e Agricultura.
Fazem parte dos interesses dos deputados estaduais as presidências e diretorias da Companhia de Armazéns e Silos do Estado de Minas Gerais (Casemg), da Central de Abastecimento (Ceasa), da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Correios, além das representações dos ministérios da Agricultura e da Integração.
As indicações dos cargos fazem parte de um acordo do PMDB com o governo federal durante a reforma ministerial. “Não há como implementar um programa se não tiver (uma equipe formada por) quem pense ideologicamente igual. E para isso acontecer, tem que ser do mesmo partido”, justifica Adalclever.
O PMDB mineiro direcionou para ocupação das vagas alguns de seus principais quadros na executiva estadual. Recém-eleito presidente do PMDB Jovem, João Alberto Murta Lages deverá ser o novo presidente da Ceasa em Minas. O ex-deputado estadual Glycon Terra Pinto deverá ficar com a diretoria do órgão.
Atual diretora da Casemg, Danuza Bias Fortes subirá ao posto de presidente, enquanto o ex-deputado estadual e médico concursado do INSS José Braga Nunes é o indicado dos deputados estaduais do PMDB para representar o Ministério da Saúde em Minas.
Se aprovados, nomes serão investigados pela Inteligência
BRASÍLIA – A relação apresentada ao ministro das Comunicações, Hélio Costa – autoridade máxima do PMDB mineiro no governo – foi também entregue ao presidente regional do partido, deputado Fernando Diniz.
Ele anexará à lista as indicações da bancada federal para as superintendências e diretorias das pastas peemedebistas. A relação completa será entregue à ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e ao ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia.
Depois disso, os nomes passam por inspeção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para, só então, receber o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As reivindicações do PMDB mineiro no segundo e terceiro escalões incluem o ex-deputado estadual Márcio Cunha na diretoria da Casemg, o professor da UFMG e integrante da executiva estadual Itamar de Oliveira para a representação do Ministério da Agricultura e o ex-deputado federal Alexandre Maia como coordenador regional da Funasa.
Nascimento não briga pelos portos
DA REDAÇÃO
O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, diz que “é favorável à separação da área de portos do ministério” que acaba de assumir, e não vai brigar por isso. Na cerimônia de posse, líderes do PR, do qual faz parte, criticaram a criação da Secretaria dos Portos, que deve ser anunciada na segunda-feira e irá acomodar o PSB. Nos dias que antecederam a confirmação de Nascimento como ministro dos Transportes, o PR ameaçou desistir do ministério se a administração dos portos fosse retirada. “Conversei com o presidente Lula e nós concordamos em conversar sobre isso após minha posse.” Nascimento, que já ocupou a pasta no primeiro mandato do presidente Lula, acredita que o funcionamento dos portos não é bom porque há é um problema de gestão.
Desenvolvimento
O novo ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, deverá priorizar o mercado interno, segundo orientação do próprio Lula. “A partir de agora, o ministério vai ter olhos muito mais voltados para o mercado interno”, disse Jorge, após tomar posse ontem.
O novo ministro diz que tem carta branca do presidente Lula para promover alterações no comando do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), inclusive o presidente da instituição, Demian Fiocca. Para este ano, o banco tem um orçamento de R$ 61,2 bilhões.
“O BNDES está sob o Ministério de Desenvolvimento”, diz Miguel Jorge. O ex-ministro Luiz Fernando Furlan reclamava que não conseguia impor o seu ritmo ao BNDES, o que significava que ele não tinha o comando da instituição, apesar de ela estar abaixo da hierarquia da pasta.
Valadares
Em seu discurso de despedida, o ministro da Previdência, Nelson Machado, dedicou sua gestão à perita Maria Cristina Felipe Silva, assassinada em outubro do ano passado em Governador Valadares após recusar um pedido de benefício fraudulento.
“Ela morreu, mas tenho certeza de que os servidores da Previdência vão honrar esse sacrifício”, diz Machado.
Fonte: O Tempo - 30 MAR 07