Os novos dados do IBGE trouxeram uma boa notícia ao governo Lula: a expansão média do PIB nos três primeiros anos do governo do PT saltou de 2,6% para 3,2%. Já nos três últimos anos de Fernando Henrique Cardoso (2000, 2001 e 2002), o PIB oscilou menos – subiu de 2,5% para 2,8%. Já prevendo críticas, o IBGE disse que a mudança metodológica do PIB foi estritamente técnica, não atendeu a interesses políticos e seguiu a recomendações internacionais.
Em 2004, quando registrou o melhor desempenho da economia, a taxa de variação do PIB chegou a quase 6%, ficando, naquele ano, na média dos países emergentes, da qual o Brasil havia de descolado para baixo.
Como efeito dos novos valores, o PIB brasileiro passou da 11ª para a 10ª colocação mundial, ultrapassando a Coréia do Sul, conforme levantamento feito pela consultoria Austin Rating.
Na comparação com outros governos, Lula está com o sétimo pior desempenho histórico. Antes empatava com o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso na sexta colocação, conforme levantamento do economista Reinaldo Gonçalves, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A reavaliação da economia foi feita pelo IBGE com o uso de novos dados de pesquisas feitas a partir de 2000, e ajustes metodológicos. Com isso, por exemplo, o crescimento do País em 2003 mais do que duplicou (de 0,5% para 1,1%) e chegou a 5,7% em 2004 (a taxa anterior era de 4,9%). “Os novos indicadores revelam a mesma tendência da economia. O que muda é a magnitude”, diz o presidente do IBGE, Eduardo Nunes.
As novas contas têm 2000 como ano-base. Para montar uma série histórica, o IBGE recalculou os dados a partir de 1995, usando outros pesos dos setores e mudanças metodológicas que podiam se transportadas para os anos anteriores.
Em quatro dos cinco anos, entre 1996 e 2000, as novas taxas de crescimento foram inferiores às da série antiga. Assim, as médias do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso caíram e as do segundo, cresceram. Na média dos oito anos, segundo o professor da UFRJ, a média anual ficou no mesmo nível, de 2,3%.
REPERCUSSÃO – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, festejou os novos números do PIB dizendo que ficou comprovado que a economia brasileira cresceu mais no governo Lula do que no de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, e que agora o País pode voltar à condição de oitava maior economia do mundo. “Agora, G-8 é com o Brasil dentro”, disse o ministro, ao se referir ao grupo que reúne as sete maiores economias do mundo e mais a Rússia.
O líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP), ironizou a revisão. “Isso é fantástico! Assim a economia vai crescer 5% ou 6%”, declarou Pannunzio. O líder tucano disse que qualquer alteração de parâmetros que resulte em vantagens para o governante é, no mínimo, suspeita. O líder do PPS na Câmara, Fernando Coruja (SC), considerou que a mudança na metodologia de cálculo do PIB pretende escamotear a realidade do País. “É como se dissesse o seguinte: já que o País não consegue crescer, vamos mudar a fórmula de variação desse cálculo para que o Brasil se desenvolva”, avaliou. A mudança no método foi bem recebida pelos setores empresariais. Para o diretor da Fiesp Paulo Francini, os números revisados mostram que o PIB vinha sendo “subavaliado”.
Fonte: Jornal do Commercio - 22 MAR 07