Quarta, 05 Fevereiro 2025

Companhia definirá se, em razão dos custos, irá comprar embarcações no Brasil ou no exterior. A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) planeja construir navios de grande porte para driblar o encarecimento do frete. O diretor-executivo de Finanças da Vale, Fábio Barbosa, disse que a companhia ainda definirá se construirá as embarcações no Brasil ou no exterior. Vai depender da competitividade, como frisou. A Vale, por meio da Docenave tem atualmente três navios graneleiros e 19 rebocadores.

Frete leva 50% da receita
"Só decidiremos fazer navios no Brasil se for competitivo", disse o executivo. Há possibilidade de parcerias com clientes para encomendar os navios, que serão graneleiros com capacidade para expressivo volume de carga.

O transporte já equivale à metade do preço do minério de ferro vendido aos clientes do outro lado do mundo. Para cada tonelada da matéria-prima vendida por cerca de US$ 80, cerca de US$ 40 reflete o custo de frete. "É um processo no qual temos de interferir", disse Barbosa. Os compradores de minério da Vale gastaram no ano passado cerca de US$ 3 bilhões com despesas de transporte. "Há ganhos excessivos e artificiais em prejuízo dos nossos clientes e vamos atuar sobre isso", completou. Um plano já conhecido é aproveitar a volta dos navios da Ásia para trazer carvão da África para o Brasil, um dos novos focos da Vale. A produção de carvão deverá estimular a produção de alumínio, que requer muita energia elétrica.

Recentemente, a companhia declarou a intenção de tomar recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM) para transporte local, atividades de cabotagem. Os planos de construção de navios para cabotagem e graneleiros de longo curso colocam a Vale de volta ao setor de navegação, após anos que a companhia se desfez de ativos da Docenave, subsidiária para transporte.
O aquecimento da economia asiática, sobretudo a da China, provocou a disparada dos preços do frete. E o crescimento do Oriente ganhará reforço com a expansão da Índia, como aposta Barbosa. "É um país que está no nosso radar de futuro e de presente, porque nós estamos vendo o que está acontecendo", afirmou o executivo sem, contudo, comentar o suposto interesse na licitação da fatia da japonesa Mitsui na mina de minério de ferro indiana de Sesa Goa, disputada por outras gigantes do setor, como a Arcelor Mittal.

A percepção da Vale em relação à Índia hoje é a mesma de 2002 em relação à China, segundo Barbosa. Além disso, a recente medida de aumento de tarifas de exportação daquele país deverá, segundo ele, favorecer outros fornecedores de minério como a Vale.

A demanda por minério deverá continuar crescendo, mesmo porque, segundo Barbosa, a economia americana não está prestes a amargar recessão.

Outros projetos
Segundo fontes do mercado, a companhia já entrou com pedido no Fundo de Marinha Mercante para o financiamento de cinco embarcações porta-contêineres. A solicitação, feita no início deste mês, está sob análise do Conselho Gestor do Fundo. Aprovado o pedido, a CVRD estará apta para entrar com a solicitação de financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento, Econômico e Social (BNDES), o gestor do fundo.

Atualmente o Fundo de Marinha Mercante tem disponível cerca de R$ 2 bilhões para empréstimo para embarcações construídas no Brasil. Pelas regras, são financiados 90% do valor do navio, com taxas que variam de 2,5% a 5% ao ano acrescidos de TJLP ou variação cambial no ano, caso a embarcação seja destinada à exportação. Um dos entraves são as garantias que os estaleiros devem dar na hora de construir as embarcações. Muitas vezes o valor do navio é bem maior que o valor do estaleiro.

Fonte: Gazeta Mercantil - 16 MAR 07

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